Conforme um estudo publicado pelo Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, o risco de trombose venosa profunda (TVP) em mulheres em idade reprodutiva varia de 5 a 10 casos a cada 10 mil mulheres por ano. Entre as usuárias de contraceptivos orais combinados (COC), o risco de TVP é maior, subindo para 8 a 10 casos. Esta doença ocorre quando há a formação de um coágulo nas veias profundas, podendo causar uma obstrução completa ou parcial do fluxo sanguíneo. Em alguns casos, o uso de COC pode aumentar significativamente também o risco de tromboembolismo venoso, patologia que envolve tanto a TVP quanto a embolia pulmonar.
Para a ginecologista na Clínica Ginelife e especialista em saúde da mulher, Dra. Ana Carolina Romanini, nem todas as pílulas irão fazer com que a usuária corra o risco de desenvolver trombose. “As pílulas anticoncepcionais que aumentam o risco de TVP são apenas as do tipo combinado, que juntam derivados do estrogênio com progestágeno. Ainda assim, a chance de desenvolver a doença é pequena. Se preferir, a mulher pode optar por outros métodos, como contraceptivos injetáveis, anel vaginal combinado, DIU e até mesmo laqueadura, que oferecem benefícios semelhantes”, comentou.
O risco de trombose venosa profunda é maior em mulheres que utilizam pílulas contendo ciproterona, drospirenona, gestodeno e desogestrel, associado a um estrogênio e isso acontece porque esse tipo de contraceptivo provoca uma resistência às proteínas C-reativas, que agem como anticoagulantes naturais do corpo. Por conta disso, o organismo pode ser afetado e ficar mais propício à aparição de coágulos, levando à trombose.
“Existem diversas categorias de contraceptivos orais combinados. Mulheres com algum fator de risco podem optar por utilizar os que contêm em sua composição apenas o progestágeno, que apresentam um risco menor do desenvolvimento da TVP”, alertou a ginecologista.
A trombose causada por anticoncepcional pode gerar alguns sintomas específicos, como inchaço no membro afetado, dores nas pernas e também a aparição de manchas vermelhas escuras ou até mesmo azuladas. Mulheres que são hipertensas, obesas, diabéticas ou têm alguma outra doença devem conversar com seu especialista e optar por não utilizar contraceptivos orais combinados, pois esses problemas são fatores de risco para o desenvolvimento da TVP.
“Um fator muito importante que deve ser levado em consideração antes de iniciar o uso da pílula anticoncepcional é a trombofilia hereditária, que aumenta a predisposição para um episódio trombótico, podendo a pílula ser um gatilho para o desenvolvimento da trombose. Dessa maneira, outros métodos contraceptivos devem ser avaliados e considerados”, explicou o cirurgião vascular e membro da SBAVC Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Dr. Márcio Steinbruch.
O diagnóstico da trombose venosa profunda pode ser feito por meio de ecografia e exame de sangue. Já o tratamento pode ser feito de forma medicamentosa, por anticoagulantes administrados em forma de injeções ou comprimidos, e também os fibrinolíticos, administrados por via endovenosa. “Algumas pacientes podem precisar passar por uma cirurgia minimamente invasiva, por cateterismo, onde um dispositivo é inserido na veia e destrói os coágulos”, ponderou Steinbruch.