Quatro anos voaram! Em agosto de 2015, a chef Marisabel Woodman abria com frio na barriga, o La Peruana, bem no começo da subida da Alameda Campinas, no Jardim Paulista. Um sucesso imediato com suas causas, ceviches, piscos sours e outras receitas típicas.
Receita mais icônica do país, os cubos de peixe cru aparecem em sete versões. A clássica traz peixe branco e batata-doce cozida com laranja; a mixta acompanha frutos do mar e chips de banana; a nikkei, feita com salmão, leva abacate e pimentas amazônicas, por exemplo. Incontornáveis, esses best-sellers acabam de ganhar novos vizinhos que ajudam a celebrar o quarto aniversário da casa.
Nesse sentido, a chef incluiu a causa de camarão com molho golf e o tartar acevichado de atum; homenageou o apego à cidade (e o colega Rodrigo Oliveira) nos dadinhos de tapioca com costelinha e em outro costume paulistano, os buns: “Sanguchitos, ou sanduicinhos, são um costume muito peruano, principalmente o de chicharrón, que é o nosso torresmo. Aproveitei para fazer uma releitura com porchetta e outra com camarão, porque o mar está no meu DNA”.
Mari ainda introduziu o Tacu Tacu Marinero com feijão carioca, arroz e pancetta com camarões, lambretas e lula no molho a lo macho de aji amarillo, dentre os pratos. Já o bolo de chocolate molhadinho com muita calda e o combinado, uma das mais doces tradições peruanas que reúne em uma taça só arroz con leche e mazamorra (à base de milho-roxo), encorparam a lista de sobremesas encabeçada desde o início pelo três leches, ao passo que o puka tonic (pisco tônico com morango e cardamomo) e o máncora (com pisco, Aperol e aromas de maracujá, laranja e anis-estrelado) prometem fazer frente a coquetéis como pisco sour e pisco santo.
Com as novidades, o enxuto menu se mantém vibrante. Quiçá, mais festivo do que nunca – até por quê, agora o restaurante importa diretamente e serve geladíssimas Cusqueñas, a melhor cerveja peruana. A missão da casa também segue intacta: “Ao longo desses anos, ao mesmo tempo em que conheci melhor os ingredientes brasileiros, pude aprimorar os sabores que me dão saudades, sem deixar de me atualizar em relação ao que se passa em Lima, afinal, do primeiro dia até hoje o La Peruana é meu jeito de mostrar a cozinha de lá para São Paulo”, complementa a chef.
Em outras palavras a imbatível e harmônica combinação de clássicos bem-feitos, atmosfera acolhedora e preços comedidos segue firme e forte. Na prática, um menu autêntico, com brisa criativa, e um ambiente marcado por teares de artesãos e telas de artistas peruanos, por música latina e pelas madeiras que formam as palafitas das casas de Colán, vilarejo balneário em que a cozinheira passou os verões da infância.
Na parede e na alma do La Peruana, o “Aquí se cocina con cariño” ecoa na maneira de receber e de servir. No caso do cozinhar, o carinho permanece transbordando em entradas como a papa rellena (espécie de croquete gigante de batata recheado com carne moída consumido no Peru todinho) e as causas (o purê de batata aveludado servido frio e coberto com salsas e proteínas como o polvo); em pratos como o lomo saltado (tradicionais tiras de carne caprichadamente temperadas) e, mais uma vez, nos ceviches, sempre devidamente envolvidos em limão, coentro, cebola-roxa, ají e leche de tigre.
Vale mencionar que receitas selecionadas pela chef, assim como tiraditos (como o exclusivo nippon, com atum ao molho de tamarindo), tequeños (pastéis de carne e queijo) e arroz com frutos do mar também estão disponíveis para delivery pelos aplicativos ifood, Rappi e Über eats.
Sobre ela
Os peruanos juram de pés juntos que Piura é permanentemente iluminada pelo sol nortenho. Marisabel Woodman não foge à regra, sobretudo, quando relembra dos verões na casa da avó, em Colán, e dos momentos que alternava peixes na rede dos pescadores, nos ceviches e nas frigideiras.
Daqueles tempos até chegar ao comando de seu próprio restaurante, a chef estudou administração de empresas em Lima e cozinha na conceituada École de Cuisine et Hotêlerie Ferrandi, em Paris. Passou pela brigada de chefs de renome mundial, como Alain Ducasse, Virgilio Martínez, Rafael Osterling e Alex Atala.
Uma vez instalada em São Paulo, Mari arriscou feirinhas gastronômicas e, em 2014, alçou o primeiro voo solo – o La Peruana Food Truck. Plantou assim a semente de seu endereço fixo que, além de prêmios nacionais, acumula o título de Bib Gourmand pelo Guia Michelin desde 2017.
La Peruana: Al. Campinas, nº 1357 – Jardim Paulista – São Paulo/SP – Fone: (11) 3885-0148 | Segunda à sexta-feira, das 12h às 15h e das 19h às 23h. Sábados e domingos, das 12h às 23h