Estudos mostram que a jornada do paciente até medicamentos biológicos pode ser longa, mas que a opção é a que mais proporciona qualidade de vida
Deixar a doença no passado: Esse é o desejo do paciente com psoríase. Quem sofre com a doença, no entanto, pode levar em média mais de um ano e meio para encontrar um tratamento efetivo que resolva as lesões da pele. É comum que os pacientes passem por diversas opções de tratamentos que pouco diminuem as lesões e nem devolvem bem-estar e qualidade de vida, até chegarem aos biológicos (produzidos a partir de organismos vivos). Para alguns casos, estes tratamentos são a única opção de controle da doença, principalmente se o paciente estiver na faixa dos 20% dos casos que não responderam ao tratamento convencional.
Estudo
É o que confirma o estudo feito entre os Departamentos de Dermatologia do Los Angeles Medical Center e a Wake Forest University School of Medicina da Carolina do Norte, entre outros parceiros. Dos mais de 6.700 pacientes avaliados, 741 foram prescritos com biológicos para o tratamento da doença em algum momento do período de acompanhamento. A diferença está no tempo percorrido até o início do tratamento com biológico que realmente se mostrou efetivo para o controle da doença: 488 dias para 42,7% dos pacientes que passaram antes pelo medicamento oral (como metotrexato e azatioprina) após falha do tratamento tópico em comparação com 206 dias para 57,3% dos pacientes que, ao perceberem que o tratamento tópico não era efetivo, migraram diretamente para o biológico. Para estes, foi menos da metade do tempo.
“Os resultados mostram que pessoas com psoríase podem levar muito tempo até encontrarem um tratamento efetivo para o grau da doença que possuem. Nessa jornada, o paciente não vê melhora nas lesões e precisa mudar de tratamento toda hora até achar um eficaz para o quadro”, aponta a dermatologista Juliana Nakano, do Ambulatório de Psoríase da Santa Casa de São Paulo.
Outro Estudo
Outro estudo, realizado na Suíça com 334 pacientes com psoríase, comparou por 12 meses o burden – sensação de fardo físico e/ou emocional e o impacto causado pela doença e tratamento – entre os pacientes que seguiram tratamentos sistêmicos e biológicos. O critério avaliado foi o índice DQLI, que mede o impacto de uma doença de pele na qualidade de vida do paciente. Do total, 145 pacientes que haviam feito tratamento com biológicos ao invés dos orais registraram as menores taxas no índice – o que significou menor impacto da doença na qualidade de vida .
Incômodos físicos e psicológicos
“A psoríase, principalmente quando atinge graus moderado ou grave, causa incômodos físicos e psicológicos consideráveis na vida dos pacientes. Em alguns casos, os biológicos são os que melhor proporcionam uma retomada da qualidade de vida porque são os mais efetivos em combater a doença”, explica a Dra. Juliana. “Por isso é tão importante que as pessoas que precisam tenham acesso a essa classe de medicamentos”, reforça.
Medicação
No Brasil há, atualmente, medicamentos biológicos disponíveis no SUS para o tratamento de casos moderados a grave da doença, após falha de tratamentos anteriores. Mas na saúde suplementar não há cobertura nem possibilidade de acesso a qualquer terapia biológica para psoríase. Cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil têm a doença que, quando não controlada, causa impactos negativos e comorbidades: quase 70% dessas pessoas são acometidas por condições psicológicas, como ansiedade (39,7%) e depressão (27,1%), segundo o estudo APPISOT, publicado no Journal of Dermatological Treatment .
“Tratamentos mais modernos para a doença são um divisor de águas para a vida de tantos pacientes que desejam deixar a doença no passado e eliminar as marcas que vão além da pele, como sintomas de depressão e vergonha de si mesmo” concluí a Dra. Juliana.