Entrar em enchentes pode até ocasionar a perda total do automóvel, explica Engenheiro da Faculdade Anhanguera Campo Grande
Nos primeiros meses do ano, as fortes chuvas são recorrentes. É comum vermos cenas de enchentes e alagamentos em diversos pontos de Campo Grande, entre eles a rotatória da Rachid Neder, nos bairros Santo Antônio e Aero Rancho, e na avenida Guaicurus e altos da Afonso Pena. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Mato Grosso do Sul está em alerta laranja, que sinaliza chuvas intensas na região.
Com o forte volume de chuvas, toda a população é prejudicada e quem transita pelas vias de carro também corre riscos. Quando acontecem os alagamentos, a água em excesso na via pode entrar nos automóveis e diversos equipamentos mecânicos e eletrônicos podem ser comprometidos. Sistema de admissão de ar, motor e componentes elétricos, pois os veículos não foram projetados para essas situações.
Para o engenheiro mecânico Pablo Luiz Ferreira Alves, a travessia deve ser realizada em último caso e se “a altura da água não passar da metade da roda”. Ele também alerta que os carros não devem ser usados nessas situações, pois apesar do fator tecnológico, muitos componentes não são à prova d´água como o “módulo de comando eletrônico”, presente em todos os veículos e responsável pelo controle de todos os sensores e eletrônica do automóvel. Uma peça como esta pode custar cerca de R﹩ 2 mil, dependendo do veículo.
Dentro deste contexto, o engenheiro, que também é professor do curso de Engenharia Mecânica da Faculdade Anhanguera Campo Grande, cita que os prejuízos com a passagem do veículo dentro de enchentes podem ser irreversíveis, colocando em risco vários componentes importantes e vitais do automóvel. “Isso pode vir a ocasionar a perda total do automóvel, pois a compra de um motor e de toda a parte elétrica e eletrônica supera 60% do valor do automóvel”, comenta o engenheiro.
Pablo Alves também explica que até mesmo veículos grandes e 4×4 como jipes não devem arriscar no trânsito por essas zonas de alagamento sem o devido preparo, que é a utilização do “snorkel”, equipamento que garante o funcionamento do motor debaixo d’água.
Outro ponto importante citado pelo engenheiro é que com a travessia em zonas alagadas, os motoristas estão colocando sua integridade em risco. “A visibilidade fica comprometida, buracos e obstáculos na via ficam escondidos e, se tiver outros veículos atravessando, se formam ondas que podem elevar o nível da água e adentrar no compartimento do motor provocando um problema chamado ‘calço hidráulico’, situação ocasionada por entrada de água na câmara de combustão”, esclareceu. Então, o motorista nestas condições deve parar seu veículo em um local mais elevado e aguardar a chuva cessar e diminuir o nível de água na via.