*Por Claudia Gimenez
A frente de uma companhia que emprega mais de 10 mil colaboradores no País e diante de um cenário em constante mudança, no qual o apelo por mais vozes femininas em locais de destaque se faz cada vez mais presente, acredito na extrema importância de falarmos sobre representatividade. Ainda hoje, por exemplo, sou a única mulher na alta liderança entre as 10 maiores empresas do setor de customer experience brasileiro.
A representatividade é definida no dicionário como a qualidade de alguém ou de alguma entidade, cujo embasamento na população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome. Em outras palavras, uma pessoa representativa é a voz e a imagem de um setor ou grupo social.
No universo corporativo, a falta de representatividade fez, ao longo dos anos, com que grupos minoritários ou com menos voz, como é o caso das mulheres, não se sentissem pertencentes a determinadas posições. Criou-se um estereótipo de que o sexo feminino só poderia assumir funções pré-estabelecidas pela cultura masculina, como a tradicional “cuidar da casa e dos filhos”.
No entanto, a partir do século XIX, as mulheres finalmente começaram a ingressar no mercado de trabalho, no qual hoje são maioria. Segundo dados do censo demográfico do IBGE, em 1950 apenas 13,6% das mulheres eram ativas profissionalmente, porém, 60 anos depois, esse número mais do que triplicou, passando para 49,9%.
A partir dessa mudança, o cenário nas corporações também começou a se transformar e deu força à luta pela igualdade entre os gêneros, que, hoje, é uma forte bandeira em diversas sociedades. Contudo, mesmo diante dessa evolução vejo que a representatividade ainda é um assunto evitado por alguns e não reconhecido por outros. Por isso, passar a desconstruir culturas patriarcais enraizadas em uma sociedade que ainda perpetua pensamentos antiquados se faz tão necessário.
Nós precisamos ter exemplos de inspiração para termos força e sabermos que não estamos nesta luta sozinhas. Você já parou para pensar em quais mulheres admira, não só em posições de liderança, mas também na vida? Minha mãe foi uma mulher batalhadora e me ensinou a sempre ter confiança em mim mesma. Esta crença me fez acreditar que eu, em uma sala repleta de homens, não poderia ser intimidada, que nós estávamos ali cumprindo o mesmo papel: o de liderar negócios com excelência.
Ter alguém que nos represente e empresas que acreditam e lutam ao nosso lado por esta causa é extremamente importante, e não só porque isso é lucrativo, mas porque é necessário para evoluirmos como pessoas e como sociedade. É papel das corporações e de seus líderes contribuir para um mundo mais igualitário que aproveite o melhor das habilidades femininas e masculinas em novos modelos de negócio. A técnica é sim relevante, mas o olhar diferente é que faz com que criemos cada vez mais soluções inovadoras.
Uma liderança engajada em construir um novo cenário dissemina com muito mais força a necessidade de mudança cultural, além de ser um espelho para as novas gerações. Este ainda pode ser um caminho longo e tortuoso, mas, para o futuro, espero ser uma entre as muitas outras mulheres que chegaram ao topo.
*Claudia Gimenez é vice-presidente e gerente geral da Concentrix Brasil, multinacional de soluções de customer experience.