Alimentação saudável, consumo adequado de água e atividades físicas podem auxiliar no alívio do desconforto
A retenção se refere ao acúmulo de líquidos fora dos vasos sanguíneos e linfáticos do organismo, isto é, nos tecidos corporais, condição chamada de edema. As causas são diversas, podendo estar relacionadas a fatores fisiológicos, como o período pré-menstrual, gestação ou a presença de doenças, como as de fígado, problemas circulatórios, que comprometem o fluxo sanguíneo e linfático ou por deficiência de proteínas no organismo.
Ainda, dois fatores não patológicos podem estar relacionados a essa sensação. A primeira se refere ao consumo de água, que, quando muito baixo, promove o desequilíbrio da concentração de soluto e solvente (água) no nosso organismo, dificultando a saída e a entrada de água dos compartimentos corporais (tecidos, células e vasos). “Vale ressaltar que, em dias quentes, a ingestão hídrica deve ser mais alta, pois o organismo tende a perder fluidos, como o suor, para equilibrar a temperatura corporal e a concentração osmótica do organismo”, explica Andrea Bonvini, docente do curso de Nutrição da Universidade Anhembi Morumbi, integrante da rede internacional de universidades Laureate.
Por outo lado, quando o consumo é muito alto os rins podem demorar um pouco mais para realizar a filtração adequada e, dessa forma, os líquidos ficam retidos no organismo por um tempo. Essa última causa é menos comum, visto que, em indivíduos saudáveis, o consumo de água tende a facilitar o trabalho dos rins.
O segundo fator, e o mais comum, se deve à dilatação dos vasos sanguíneos que ocorre para dissipar o calor do organismo, equilibrando a temperatura corporal. Nesse último processo, para que haja a vasodilatação, ocorre aumento do fluxo sanguíneo, isto é, do volume de sangue para as extremidades do organismo, a fim de tornar a troca de calor com o ambiente mais eficaz. Por isso, tendemos a sentir o corpo mais inchado na superfície e nas extremidades, como mãos e pés.
Exercícios físicos
O exercício físico auxilia no combate à retenção hídrica, tanto por promover a sudorese, ou seja, aumentar a perda de suor, quanto pelo aumento do metabolismo dos órgãos, incluindo os rins. Porém, é importante ressaltar que o consumo de líquidos antes, durante e após a atividade física é fundamental para repor os líquidos perdidos pelo suor, uma vez que a desidratação pode causar mal-estar, tonturas e desmaios. Ademais, durante a atividade, especialmente quando realizada em ambientes quentes, a sensação de inchaço pode aumentar, devido a vasodilatação que ocorre para dissipar o calor do corpo.
Exercícios intensos também podem contribuir para a retenção de líquidos, devido às micro lesões que promovem no músculo. Para repará-las, inicia-se um pequeno processo inflamatório, em que há o maior fluxo de células sanguíneas e outros componentes do sangue para o local inflamado, aumentando o tamanho dessa região. Por isso sentimos dor após uma sessão intensa de exercícios físicos. “Não há muito o que fazer, senão esperar a reparação da lesão e ingerir bastante líquido”, esclarece a especialista.
A retenção hídrica é um processo normal que ocorre no organismo em determinadas condições, como as mencionadas anteriormente. No entanto, se o edema persistir por muito tempo ou o seu aparecimento não estiver relacionado a nenhuma dessas causas, deve-se procurar a ajuda de um profissional da saúde qualificado. Existem remédios diuréticos, que podem auxiliar no alívio do incômodo. “Embora esses medicamentos não necessitem de receita, é importante enfatizar que a automedicação pode ser perigosa. Além disso, a retenção hídrica pode ser decorrência de outras doenças que precisam ser tratadas”.
Alimentação adequada
Os principais compostos presentes nos alimentos relacionados à retenção hídrica são o sódio, os açúcares e alguns aditivos alimentares. “Dessa forma, o consumo elevado de produtos ultra processados, como os embutidos (presunto, salame, mortadela), biscoitos, bolachas, refrigerantes e salgadinhos, que são ricos nesses compostos, devem ser evitados. Bebidas alcóolicas também favorecem o inchaço, por contribuir com a desidratação. O consumo de sucos naturais, de frutas in natura e de legumes deve ser preconizado. Sem esquecer que a água é fundamental, devendo-se ingerir, no mínimo, 35 ml/kg de peso por dia”, enfatiza a docente.
O consumo de chá e infusões, assim como sucos naturais e água, tende a diminuir a retenção de líquidos, pois favorece o trabalho dos rins e ajuda a manter a concentração de solutos dos compartimentos corporais equilibrada. Todavia, indica a especialista, deve-se tomar cuidado com o consumo exacerbado de chás e infusões, visto que, além de não substituírem a água pura, algumas plantas podem apresentar propriedades farmacológicas, podendo causar toxicidade ao organismo. “Gestantes, principalmente, devem se atentar ao consumo de chás e infusões, visto que algumas plantas podem influenciar a saúde dela e do bebê. Estas não devem consumir nenhum tipo de chá sem orientação de um nutricionista ou um médico”, enfatiza.