O que os gestores de RH podem fazer para acelerar novos modelos de negócios
Por Maria Carvalhal (*)
É unânime no mundo dos negócios que a transformação digital foi drasticamente acelerada pela pandemia do Covid-19. Se já havia uma intenção dos executivos C-Level em transformar os negócios com base em tecnologias digitais, em 2020 a necessidade do trabalho remoto impulsionou todos os planos já feitos nesta direção.
É certo que o cenário pandêmico e todas as suas consequências mudaram muitos – se não todos – aspectos da vida cotidiana em âmbito mundial, nos levando a pensar no presente e no futuro como um “novo normal”. De fato, muito se aprendeu diante de tantas mudanças e novas configurações, principalmente de interação e integração de equipes. O que já se pode vislumbrar para o futuro é um novo modelo de negócios que parte do princípio da dualidade: relações mais humanas viabilizadas pelas soluções digitais, em espaços mais colaborativos.
O que se espera é uma demanda maior por produtos e serviços colaborativos, que potencializem a cultura do ganha-ganha como tendência para novos negócios. Já temos inúmeros exemplos de serviços sob demanda, marketplaces e outros aplicativos com serviços que facilitam a vida do usuário a um clique de distância.
Se a Gestão de RH trouxer ou intensificar esses modelos dentro das organizações, a partir de ferramentas ágeis e inovadoras, cria-se uma cultura organizacional que privilegia a cocriação e aceleração de novos modelos de negócios.
O primeiro passo é aprender com histórias de sucesso e saber como gerar oportunidades, mesmo em situações desafiadoras como vivenciamos hoje. A chave deste processo está em traçar um caminho consistente, viabilizado pelo RH e com apoio da liderança, para promover transformações de ponta a ponta, seja na atração de talentos, contratação, desenvolvimento e retenção dos profissionais.
Transformar os negócios com base em soluções digitais é um caminho sem volta, que tende a se intensificar ainda mais em 2021. A pandemia mostrou que é possível investir em processos mais dinâmicos e eficientes com o apoio da tecnologia, sem tirar o foco na empatia, confiança e transparência nas relações.
Alguns RHs assumiram o papel de protagonistas em meio à pandemia, criando alternativas para inovar em vários processos. A inteligência artificial foi uma ferramenta muito utilizada para tirar dúvidas e auxiliar na seleção de talentos, fazendo matches de candidatos com as vagas, por exemplo. Além disso, os processos se tornaram mais seguros – tendo em vista o distanciamento social – e promoveram mais integração entre os times de localidades diversas.
Cada vez mais, as organizações e seus respectivos líderes vêm sendo convocados a proporcionar mais transparência nas relações, em um ambiente de autonomia e de aprendizado mútuo entre líder e liderado, principalmente entre os funcionários mais jovens da chamada geração Z, que entraram recentemente no mercado de trabalho, trazendo novas ideias e habilidades.
Não só a Experiência do Usuário, tão essencial para o bom desenvolvimento e crescimento das empresas, mas também a Experiência do Colaborador são divisoras de águas dentro das empresas. O colaborador se torna o melhor porta-voz e disseminador dos valores e das boas práticas companhia. Por isso, diante da calamidade que a humanidade vive desde 2019, a empresa precisa se aproximar dos funcionários, acolher as necessidades das equipes e promover iniciativas para a saúde física, emocional e mental.
Em interações com a imprensa, a vice-presidente corporativa da Microsoft Office Modern Workplace Transformation, Emma Williams, destacou: “Quem interagiu mais intimamente com os colegas, apresentando família e os animais de estimação, reportaram um relacionamento de trabalho mais forte, com alta produtividade e bem-estar.” Essa conexão humana se faz não só como diferencial em tempos incertos, mas essencial para a sustentação do quadro de funcionários e da empresa em um mundo BANI – frágil, ansioso, não linear e incompreensível.
(*) Maria Carvalhal é Managing Director do Digitalks