*Herbert Steinberg
As famílias empresárias comandam a economia global. Estimativas apontam que 80% das empresas do mundo são familiares. No Brasil não é diferente. Cerca de 90% das empresas são formadas por membros de uma mesma família. No entanto, de cada 100 organizações desse modelo, apenas 30 chegam à segunda geração e menos de 10% delas sobreviverão até a quarta. Vejamos os principais desafios e erros cometidos em empresas familiares:
Falta de regras claras
Informalidade e falta de disciplina podem caracterizar as empresas dirigidas pelas próprias famílias, que em geral têm pouco interesse em estabelecer processos e procedimentos que observem muitas regras. Para equilibrar a relação família-empresa, a melhor alternativa é estabelecer regras de convivência claras, de atuação e de tomada de decisão que devem ser respeitadas. À medida que as interações familiares crescem no espaço da empresa, cresce também o risco de conflitos ocorrerem entre parentes próximos, levando a um desequilíbrio na relação família / negócio.
Misturar contas pessoais com contas da empresa
É comum, nos relatos de famílias empresárias, o fato de que para os fundadores “tudo sai de um bolso só”, ou “é tudo da família, para ser usado para a família”, afinal, “a empresa é da família, e o trabalho também”. O dinheiro da empresa não deve ser misturado com as despesas dos sócios. É preciso definir uma retirada mensal e manter contas bancárias separadas, uma da empresa, outra da pessoa física.
Cabide de empregos
Parentes não devem ser vistos como escolhas obrigatórias e devem competir com profissionais bem-sucedidos em outras empresas. O parentesco pode constituir, é claro, um fator de desempate. O processo de seleção dos principais executivos deve considerar tanto membros da família que apresentem capacitação quanto candidatos do mercado.
Não planejar a sucessão
A sucessão do fundador, além de fundamental para perpetuar o negócio, mostra características próprias em cada empresa familiar. O fundador costuma imprimir à empresa a sua identidade de maneira forte. Sua personalidade e seu estilo de gerenciamento marcam de tal forma o negócio, que se costuma dizer que “a empresa é a cara do dono”. Seu afastamento pode descaracterizar a empresa, que perde a própria identidade. A transição precisa ser planejada para garantir que a empresa não sofra, não perca espaço e nem os seus resultados.
Sócio, fundador e presidente do conselho da MESA Corporate Governance