O legado de Pierre Balmain tem estado muito presente na minha mente ultimamente. O que não é nenhuma surpresa, dado que recentemente comemoramos o 75º aniversário de sua primeira coleção. Coleção essa que tinha looks com um espírito tão fresco e feminino, que Alice B Toklas resumiu perfeitamente como uma introdução de um “Novo Estilo Francês”.
Durante nossos vários lockdowns, as reflexões sobre os aniversários de Balmain, origens e histórias muitas vezes se fundiram a novos pensamentos, principalmente sobre as recentes descobertas da minha própria herança. No documentário “Wonder Boy”, que será lançado dia 26 de junho na Netflix, fui acompanhado de perto por câmeras durante meses, enquanto procurava respostas que não tinha, informações sobre minhas próprias origens e histórias de meus pais biológicos.
Essa pesquisa me ajudou a crescer e entender que sou o resultado de muitas histórias: o órfão adotado por pais amorosos em Bordeaux, o fã apaixonado de filmes, séries e músicas da minha juventude, o designer dedicado ao poder transformador da alta-costura, o “Vrai Parisien” e, agora, aprendi que também sou Africano.
Durante minha busca por respostas ao longo da vida, sempre foi claro para mim que o que realmente importa não é o que está no meu sangue, e sim no meu coração. Ser francês não é simplesmente uma herança, é uma junção dos ideais estimulantes desta República. Esta é uma terra que possui imigrantes de longa data, ansiosos por adotar os mesmos valores. Por causa disso, existiram tantas formas de me sentir acolhido desde a época da escola até os dias de hoje, às vezes até me convencia de que minha herança poderia ser rastreada até o Caribe, Magrebe, África Central e muitas outras terras. Essas questões e hipóteses foram um presente incrível, pois me permitiram estar sempre aprendendo sobre poder contribuir e ajudar a moldar este país em constante evolução.
Paris, em particular, sempre foi aberta ao mundo. O que Josephine Baker’s J’ai deux amours deixou claro há 90 anos atras, continua verdadeiro – esta cidade será sempre inspiradora para os que buscam novas possibilidades. E a Paris de hoje vai muito além dos concretos periféricos, nossa nova e multicultural Paris é sem dúvidas uma capital global vibrante da moda, onde celebramos a beleza de cada parisiense, independente de sua origem. Esta é a Paris que tanto amo. Esta é a minha casa e este é o espírito da Balmain de hoje.
O novo estilo francês de Pierre Balmain impressionou o mundo. Seu espírito audacioso e ousado ajudou a estabelecer as bases sólidas desta casa, sobre as quais tento criar, ano após ano, coleção após coleção. Durante meu tempo aqui, tenho me tornado cada vez mais consciente de que além de continuar a história do DNA da marca, também estou implementando um novo e moderno estilo francês – que reflete tanto minha jornada pessoal quanto a de Paris, que moro hoje, inclusiva e transformadora do século 21.
A beleza, possibilidades e tradições de cada uma das distintas vertentes que mantenho dentro de mim, são evidentes em toda a coleção, tornando-a a mais pessoal até agora sem perder a essência da Balmain:
• Muitas das belas estampas, detalhes e silhuetas da coleção remetem a riqueza das artes e tradições das terras que agora sei que são as que eu e meus pais biológicos nascemos. Fui inspirado pela rica herança Africana de belas tecelagens, padrões hipnotizantes e bordados – tradições artesanais que ilustram como esta região mescla as contribuições de outras culturas e influências.
• Como sempre, meu respeito pelo incrível poder da herança de Balmain está na frente e no centro, podendo ser visto, por exemplo padrões dos anos 50.
•Minha dedicação ao artesanato da alta costura que só é possível em Paris, na alfaiataria impecável de nosso ateliê.
• Ao longo do tempo, como era de se esperar, brincamos com inúmeras possibilidades das famosas assinaturas da Balmain – com o listrado da marca, smoking modernos, estilos militares e o clássico blazer de seis botões.
• A descontraída silhueta do meu uniforme diário se reflete exclusivamente na vibe SoCal-meets-Ibiza, Laurel Canyon dos anos 70 e o dolce farniente dos verões nas ilhas do Mediterrâneo.
• Assim como todo mundo, durante o lockdown, ouvi enquanto desenhava alguns sucessos e estilos que adorava naquela época, o que me mostrou não ser tão difícil identificar referencias à moda e proporções da minha juventude.
No geral, esta coleção é marcada por uma atitude descontraída e casual se adaptando perfeitamente a quem escolher usá-la pelo seu espírito unissex, característica deste novo e inclusivo Estilo Francês.
O documentário Wonder Boy, dirigido e produzido por Anissa Bonnefont, estará disponível na Netflix, em todo o mundo, a partir do dia 26 de junho.