Doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 30% das mortes no Brasil

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Cardiologistas alertam que o estilo de vida é o principal responsável pelo quadro e é cada vez mais comum que pessoas jovens sofram de problemas cardíacos.

A cada 90 segundos, um brasileiro morre em decorrência de alguma doença cardiovascular, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). As mortes por complicações do sistema cardíaco equivalem a 30% do número total, chegando a 400 mil óbitos por ano.

De acordo com o cardiologista André Gabriel Correa Neto, que atua no AME Itu, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, estima-se que, anualmente, cerca de 17 milhões de pessoas no mundo morram em função de infarto, hipertensão, insuficiência cardíaca, entre outras doenças cardiovasculares.

O Dia Mundial do Coração, celebrado em 29 de setembro, serve como alerta para as pessoas cuidarem melhor deste, que é considerado um dos órgãos mais importantes do corpo humano.

“Em uma sociedade que, a cada ano, cresce e envelhece mais, como é o caso da brasileira, o cuidado com a saúde cardíaca e a valorização do médico cardiologista são fundamentais para garantir a longevidade e bem-estar da população”, alerta o Dr. André.

Segundo o médico, entre os problemas cardíacos que mais atingem os brasileiros está a doença isquêmica do coração, relacionada ao infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e ao acidente vascular encefálico. Dr. André ressalta ainda que condições patológicas como hipertensão arterial, dislipidemia – distúrbios do colesterol /triglicerídeos -, diabetes mellitus e a obesidade devem ser intensamente combatidas, pois são os maiores responsáveis pelo desencadeamento das doenças cardiovasculares.

“A melhor forma de evitar agravamento dos problemas cardíacos é fazer a prevenção, além de adotar o hábito de visitar periodicamente o cardiologista”.

O especialista explica que durante a transição para a terceira idade, entre os 50 e 70 anos, é quando as pessoas têm uma disposição maior para o aparecimento dos sintomas cardíacos. Mas, em decorrência do estilo de vida, essa faixa-etária tem diminuído.

“Atualmente, podemos observar pessoas jovens, entre os 40 e 50 anos, com problemas do coração em função do estilo de vida. O infarto, por exemplo, pode ocorrer em pessoas ainda mais novas. Nesses casos, muitos por associação ao uso de drogas ou trombofilias, que são distúrbios hereditários da coagulação”, explica.

Segundo Dr. André, até os 60 anos os homens têm mais chances de terem infartos, mas, a partir dos 70, os riscos se igualam e as mulheres passam a ter a mesma propensão.

Prevenção

Como a maioria dos problemas relacionados ao coração são causados pelo acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, algo que se inicia desde a infância, quanto antes forem adotadas medidas preventivas, menores serão as chances de o indivíduo desenvolver um infarto.

Segundo o cardiologista, esses hábitos incluem ter uma vida saudável, com a prática regular de atividade física e uma dieta balanceada, sem gordura, açúcar em excesso, massas e alimentos ultra processados.

Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e manter a boa gestão emocional, bem como o sono reparador, podem ser bons aliados. Por fim, o médico alerta para o abandono ao tabagismo para as pessoas que buscam ter um coração saudável.

Tratamentos

As doenças cardiovasculares mais comuns pertencem ao grupo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e costumam ser degenerativas e progressivas. Não existe cura plena, mas é possível conter a progressão do quadro por meio de tratamentos.

Existem quadros leves e moderados, nos quais predominam as condições de vida normal ou bem próxima de tal, proporcionando a adoção de uma rotina bem saudável. Para casos mais graves ou terminais, quando há comprometimento da expectativa de vida, pode ser recomendada a realização de procedimentos e até de um transplante de coração.

“Cardiopatias graves podem levar à incapacidade na vida pessoal e profissional do paciente. Isso também gera desgaste físico e emocional, trazendo uma limitação laboral e, consequentemente, a aposentadoria, muitas vezes precoce”, explica. A ciência e a tecnologia evoluíram muito e existem diversos tratamentos disponíveis para tratar os problemas cardiovasculares. Apesar disso, a recomendação do Dr. André é que, na medicina como um todo, a prevenção sempre é melhor opção.