Existem mais de 150 tipos de dores de cabeça, sendo a enxaqueca (migrânea) uma delas e a mais prevalente na sociedade mundial. Trata-se de uma doença neurovascular, causada por desequilíbrio químico no sistema nervoso central. Caracteriza-se como dor latejante em apenas um dos lados da cabeça, cuja frequência varia desde episódios bem espaçados a várias vezes ao mês, com crises que duram até 72 horas. Ainda há um tipo de migrânea que não causa dor, sendo suas principais características vertigem, tontura e desequilíbrio.
A enxaqueca possui quatro principais fases: pródromo (premonitória), aura, crise, pósdromo, respectivamente nessa ordem, mas nem sempre as pessoas passam por todas elas. A doença separa-se em dois subtipos: sem aura (75% dos casos) e com aura (25%). A enxaqueca sem aura é a dor unilateral, com intensidade moderada ou grave, podendo aumentar com atividade física de rotina. A aura é um aviso fisiológico que acomete a visão ou outros sentidos. Já os sintomas neurológicos da doença surgem unicamente em um lado do corpo ou do campo visual, pode acometer a fala, ser sensorial ou motor. O indivíduo sente náuseas, fotofobia (intolerância à luz), desconforto a sons e odores fortes, além de ter transtornos gástricos.
Nutricionista e professora do curso de Nutrição da Uniderp, Luiza Camargo destaca que a alimentação é um fator que pode amenizar ou contribui para o avanço dos sintomas. “Quando falamos da relação de cefaleia primária e dieta terapia, temos que pensar no mais importante: os efeitos da prevenção. Ninguém gosta de passar por dores e, investir na qualidade de vida- o que inclui uma boa alimentação, é a melhor opção para não sofrer com tanto mal-estar”, completa.
A especialista explica que a escolha dos alimentos influencia na reação do organismo principalmente quando há registro de doenças inflamatórias e neurológicas. “É preciso observar se há ingestão de componentes alimentar que podem trazer prejuízos para essa pessoa, como os indivíduos diagnosticados com intolerância a glúten ou lactose, por exemplo. É por isso que o tratamento é sempre individualizado. O histórico familiar, hábitos diários, junto aos resultados de exames específicos, vão direcionar o caminho para aliviar o peso de conviver com a dor de cabeça”. O café, por exemplo, consumido de forma moderada é saudável, mas em uma crise de enxaqueca, pode piorar a dor em organismos mais sensíveis aos nutrientes.
Algumas doenças inflamatórias podem trazer mais dor de cabeça, como no caso da hipertensão, da diabete e da obesidade; e precisam ser trabalhadas no método de exclusão. “Há estudos na literatura científica sobre como doenças inflamatórias provocam a desregulação do hipotálamo e da hipófise, causando o descontrole na produção de hormônios e desencadeando fortes dores de cabeça”, comenta.
Ainda são desconhecidas as causas exatas da enxaqueca, contudo sabe-se que existem gatilhos para ativá-la. “De forma geral é indicado uma alimentação balanceada com grãos, carboidrato, cereais, boas fontes de proteína, leguminosas e verduras de formas variadas. As frutas e verduras tem atuação importante na prevenção, não só de doenças inflamatórios, mas de ouras doenças neurológicas, como a própria enxaqueca”, conta a nutricionista.
Luiza também enfatiza que estresse, tabagismo, exposição a ruídos e luzes intensos, mudanças climáticas, bebidas e alimentos, são alguns dos fatores que desencadeiam a enxaqueca e é preciso amenizar ou, em alguns casos, eliminar da rotina.
Entre as bebidas que mais ocasionam dor estão o vinho tinto, a aguardente e a cerveja. No grupo dos alimentos estão os queijos maturados, carne de porco, chocolate, derivados do leite e até mesmo as frutas cítricas, porque contêm aminas vasoativas: octopamina, fenilalanima e tiramina. Os aditivos alimentares que ativam a enxaqueca são o aspartame, o glutamato monossódico e o nitrato de sódio e diversos corantes. A ingestão de alimentos enlatados e em conserva são gatilhos para a migrânea.
Após a crise cessar, acontece a fase pósdromo, mesmo sem dor o indivíduo não tem energia para se dedicar às atividades, principalmente as intelectuais, pois a etapa é semelhante à pródromo em que a fadiga está presente.
Embora muito acreditem que a atividade física seja um gatilho para a dor de cabeça, a atividade física faz bem, inclusive no combate à enxaqueca. No entanto, é preciso ter orientação na prática para que os efeitos não sejam contrários. “Por meio da atividade física, o corpo produz endorfina e serotonina, hormônios que tornam o cérebro mais resistente à dor, consequentemente, reduzindo a frequência, intensidade e duração das crises. O ideal é optar por atividades moderadas e que façam o corpo transpirar e, é claro, durante as crises, evitar esforços que contribuam para o aumento da dor”, enfatiza a professora do curso de Educação Física da Anhanguera, Suzilene Ormond.