*Por Jefferson Araújo
O termo Metaverso, lançado em outubro de 2021, refere-se a uma mudança na forma como interagimos com a tecnologia, principalmente em realidades virtuais e aumentadas. Embora o conceito tenha perdido força nos últimos tempos, a expectativa é que ele volte a fazer sucesso em 2023.
Quando pensamos em Metaverso, costumamos associar a algo recente, mas não é bem assim. Afinal, o universo digital dos games já existe há décadas. Caso você compre produtos digitais para seus avatares no Fortnite, por exemplo, só conseguirá utilizá-los neste universo e, com isso, irá experienciar inúmeras outras conexões. Inclusive, já temos mais de cinco milhões de brasileiros interagindo entre si e consumindo dentro do Metaverso, enquanto, em média, 6% deles já utilizaram a internet e transitaram por alguma versão da tecnologia, de acordo com o levantamento do Kantar Ibope Media.
Claramente, o surgimento de tecnologias do Meta como realidade aumentada e virtual já estão impactando as estratégias das marcas, principalmente varejistas. Várias empresas, por exemplo, lançaram recentemente aplicativos que auxiliam os compradores a testarem e adquirirem seus produtos. Além disso, segundo um levantamento realizado em 2021 pela McKinsey, empresa de consultoria empresarial americana, atualmente, 71% dos clientes esperam experiências personalizadas das marcas e 76% demonstram frustração, caso não haja nenhuma particularização.
A Nike é um excelente case de sucesso, ao passo que a empresa está sempre à frente da concorrência quando o assunto são tendências. Inclusive, para aproveitar o universo digital, a organização comprou em 2021, um estúdio especializado na criação de tênis e modas digitais. Esta atitude foi vista como uma grande revolução no mundo do varejo e trouxe a possibilidade de testar coleções e produtos dentro do Metaverso, a exemplo dos tênis 100% digitais.
Hoje, é possível testar no mundo virtual a validação dos produtos, antes mesmo da produção em grande escala. Não à toa, há um forte investimento nestas tecnologias que possibilitam um mundo mais inteligente para a cadeia varejista como um todo.
Para 2023, as expectativas são que os usuários tenham avatares personalizados e participem dos mais variados eventos, como semanas de arte e moda, festivais de música, interações virtuais com estabelecimentos, cadeias produtivas do agronegócio etc. Porém, nem tudo são flores, uma vez que os layoffs estão à solta, a exemplo da Microsoft, que anunciou recentemente a demissão de todos os funcionários ligados à divisão do Metaverso industrial, criada há apenas quatro meses com o objetivo de construir interfaces para sistemas de controle operacional nas usinas elétricas, robóticas e redes de transporte.
Nesse sentido, deixo aqui uma provocação: todo e-commerce está realmente preparado para atuar no Metaverso? Atualmente, eu entendo que não! Afinal, ainda existe uma linha muito tênue entre pioneirismo e inovação, quando falamos desses ambientes virtuais. Ou seja, estar somente por estar, pode não ser o melhor caminho. As marcas devem buscar conexões, estudos e, sobretudo, não esquecer do papel que elas ocupam na vida das pessoas, antes de investir milhões em um local desconhecido.