Trazendo essa realidade para as mulheres negras, os dados são ainda mais alarmantes: uma mulher negra, na mesma posição que um homem branco, pode chegar a receber 75% a menos, exercendo a mesma função. Eu sou uma mulher negra. Ao longo da minha carreira, mais de uma vez me vi na posição de descobrir que um par, homem ou uma mulher branca, ganhavam mais do que eu. Por isso, pra mim é tão importante hoje ocupar a posição de inclusivista na cadeira de diversidade, equidade e inclusão de uma healthtech promissora, audaciosa e que pretende mudar o sistema de saúde do Brasil. É uma honra, e eu acredito muito no impacto que informação, estratégia, oportunidades e ações afirmativas podem proporcionar.
Para mudar essa realidade, o papel das empresas é fundamental. Iniciativas como contratar mulheres, principalmente, para posições de liderança e optar por contratações afirmativas, com foco nas mulheres negras, podem fazer total diferença. Há diversas pesquisas que demonstram que mulheres na liderança podem aumentar o faturamento, além de potencializar a inovação dentro das organizações. A pesquisa Diversity Matters América Latina, feita pela McKinsey & Company, por exemplo, confirma que na América Latina, as empresas com maior diversidade de gênero nos níveis executivos têm 14% mais probabilidade de performar melhor que os concorrentes. Outro dado relevante é que empresas percebidas como diversas pelo time têm probabilidade 93% maior de superar a performance financeira de seus pares na indústria.
Outro ponto para destacar é o movimento da paternidade ativa. Ainda parece ser natural que a criação dos filhos seja uma responsabilidade apenas das mulheres. Dados do Conselho Nacional de Justiça de 2013, revelam que mais de 80% das crianças de até quatro anos têm como primeira responsável uma mulher (seja mãe, avó, mães de criação ou madrastas). Então, precisamos também abrir o espaço para essa mudança cultural, e tirar do “colo” da mulher essa responsabilidade quase exclusiva.