A realidade do trabalho híbrido na pandemia

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*Por Priscila Araújo

A pandemia pode até estar retrocedendo, mas o modelo de trabalho híbrido sistema no qual os funcionários podem trabalhar de qualquer local, mas também devem comparecer ao escritório em determinados dias da semana está ganhando cada vez mais adeptos. E, tudo leva a crer que em 2022, o trabalho híbrido se consolidará ainda mais. Isso porque o modelo, que vinha sendo implementado timidamente, foi acelerado de maneira forçada com as medidas de distanciamento social. E, analisando um possível cenário pós-pandemia, 90% das organizações em todo o mundo combinarão trabalho remoto e presencial após a Covid-19, segundo dados da consultoria empresarial americana McKinsey.

O modelo é entendido como uma solução que traz as vantagens de ambos os ambientes (casa e escritório), tanto para funcionários, quanto para empregadores. De acordo com a pesquisa da Randstad, empresa especializada em soluções de trabalho flexível e recursos humanos, 92% dos trabalhadores brasileiros preferem formatos de trabalho e carreiras mais flexíveis para acomodar outras atividades ao longo do dia. Em outras palavras, isso demonstra que o trabalho híbrido é uma solução que traz as vantagens de ambos os ambientes, tanto para funcionários quanto para empregadores. E isso se deve porque, em casa, os trabalhadores conseguem realizar múltiplas tarefas, combinando atividades profissionais e pessoais, sem perder a produtividade.

As vantagens do modelo mais flexível são muitas, com melhoras no bem-estar, agilidade, produtividade das equipes, além de proporcionar mais saúde mental e física aos colaboradores. E, diferentemente do que muitos gestores imaginavam, a produtividade não diminuiu. Ao contrário, 58% dos brasileiros se sentem mais produtivos trabalhando em casa, segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral, em parceria com a Grant Thornton Brasil. Ou seja, com a descoberta dos benefícios do trabalho híbrido, é improvável que as coisas voltem a ser como eram antes da pandemia, pois o modelo contribui para melhorar o bem-estar, a retenção e o recrutamento, aumentando a produtividade e revitalizando a força de trabalho, sem falar na redução de custos.

Quando se trata de formas e locais de trabalho, sempre haverá três modelos principais: locais de trabalho centralizados, organizações remotas descentralizadas e a abordagem híbrida, com a combinação dos dois mundos. O que provavelmente mudará em 2022 é que o funcionário escolherá o modelo que mais se encaixa às suas necessidades.

E da mesma forma que os trabalhadores têm repensado os modelos de trabalho, as empresas têm repensado a manutenção de estruturas para acomodar seus colaboradores: outro ponto interessante do trabalho híbrido é que as organizações podem, agora, dispor de centralizados, não importando o tamanho dos mesmos, ou, se preferir, eliminá-los em sua totalidade, optando por espaços de coworking e salas de reuniões com serviços para apoiar as necessidades de uma força de trabalho remota.

Uma coisa é certa: o futuro do trabalho no Brasil passa por um formato híbrido. Com o fim do isolamento social, a gradativa volta à normalidade e a revisão dos objetivos profissionais pelos trabalhadores, muitas empresas estão oferecendo opções ao colaborador. Deixá-lo optar pelo modelo que lhe convém mais flexibilidade, democracia e agilidade. Entretanto, é necessário não só dispor de ferramentas que assegurem segurança e agilidade a esse modelo de trabalho, mas também manter no radar que a cultura deve ser constantemente trabalhada para ajudar todos a navegarem nessa mudança, garantindo o bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Priscila Araújo é Gerente Geral de Recursos Humanos da NEO