Alergia a leite de vaca: impacto no dia a dia

56% das crianças demoram mais de três meses para ter o diagnóstico de APLV, aponta pesquisa.Estudo realizado pela Danone Nutricia em parceria com a editora Abril aponta o impacto da alergia à proteína do leite de vaca no dia a dia das famílias e nas escolas.

Pesquisa realizada pela Danone Nutricia, divisão de nutrição especializada da Danone, aponta que o tempo de diagnóstico da APLV – alergia à proteína do leite de vaca – é demorado e envolve diversas idas ao médico. 56% dos respondentes levaram mais de três meses para identificação da alergia e, para isso, 52% deles precisaram visitar pelo menos três médicos diferentes. O estudo, desenvolvido pela empresa em parceria com a Editora Abril, foi realizado por meio de entrevistas com 617 pais e responsáveis por crianças com APLV e 207 escolas públicas e privadas.

De acordo com Arthur Lorenzetti, Diretor da unidade de pediatria da Danone Nutricia, o estudo visa fornecer mais informações sobre o impacto da APLV na vida das crianças e das famílias, assim como traçar um diagnóstico em relação ao preparo das escolas e creches ao lidarem com as alergias, trazendo, também, informações para auxiliar na adaptação, conscientização e inclusão das crianças no ambiente escolar.

A dificuldade em obter um diagnóstico assertivo é ocasionada por alguns fatores – diversidade dos sintomas e a falta de conhecimento da doença são os principais. 85% dos pais ou responsáveis não sabiam exatamente do que se tratava ou, até mesmo, nunca tinham ouvido falar no tipo de alergia antes de receber o parecer médico. Entre os principais sintomas apresentados pelas crianças estão dermatite (71%), cólica (61%), problemas respiratórios (59%), refluxo (56%) e dificuldade de crescimento (33%), por exemplo.

A demora no diagnóstico e, consequentemente, no tratamento adequado à APLV, faz com que as alergias se tornem cada vez mais persistentes e prevalentes. Além disso, o estudo ainda levantou que 70% das crianças possuem outras dificuldades ou restrições alimentares somadas à APLV. Diante deste cenário, os impactos na vida das crianças se tornam cada vez mais expressivos, com dificuldades no dia a dia de toda a família e, também, nas relações sociais dos alérgicos. A desaceleração no ganho de peso (49%), isolamento/exclusão social (23%), raiva ou não aceitação relacionadas a dificuldade alimentar (22%) e traumas relacionados a alergia (21%) são algumas das situações enfrentadas pelas crianças com APLV, de acordo com a pesquisa.

Os pais ainda apontam que a falta de preparo das outras pessoas em lidar com a condição, assim como a dificuldade em encontrar produtos sem a proteína do leite de vaca e manter uma dieta saudável e equilibrada com a exclusão desses alimentos são outros fatores desafiadores. A falta de informações nos rótulos também foi bastante abordada – 87% deles avaliam que as informações são incompletas, o que aumenta a dificuldade em se adaptar às restrições e ao novo estilo de vida necessário.

Os desafios são ainda maiores quando as crianças atingem a idade escolar, principalmente por conta da insegurança e receio dos pais em deixarem seus filhos em um ambiente diferente, com pessoas que podem não ter amplo conhecimento da APLV, seus riscos e cuidados. 73% das escolas afirmaram que possuem estudantes com alergia alimentar, sendo que 28% deles possuem APLV. No entanto, a pesquisa aponta dificuldades na adaptação das crianças nas escolas, assim como nas atividades do dia a dia escolar. 40% dos pais apontam que a alergia impactou, de alguma forma, a ambientação delas, enquanto 37% relatam que a condição afeta bastante as interações sociais com amigos, como festas e participações em datas comemorativas.

Mesmo que cerca de 87% das instituições dizem ter opções de substituição para as refeições diárias dos alérgicos, a exclusão fica bastante evidente durante os eventos e comemorações, em que 80% deles apontam que não contam com alimentos ou opções específicas para quem tem alergias.

A falta de treinamento para identificar crises alérgicas e prestar socorro também foi um ponto de alerta levantado pelo estudo. Mesmo que a maior parte das escolas relataram que possuem pelo menos 1 criança com alergias, menos da metade (41%) contam com pessoas treinadas para identificar reações alérgicas. Além disso, apenas em 15% das escolas ou creches particulares possuem profissionais treinados para primeiros socorros disponíveis durante todo o período. Esse cenário é ainda pior em escolas públicas.

A presença de aulas ou projetos de nutrição/ alimentação equilibrada na grade curricular, que abordem a temática das alergias alimentares, também foi avaliada pelo estudo. 43% das escolas apontam que possuem iniciativas com o intuito de conscientizar as crianças de forma lúdica sobre o assunto. Porém, 27% relataram que não possuem a intenção de incluir.

Segundo Arthur, esses fatores dificultam o entendimento amplo das dietas restritivas e como, com o tratamento e alimentação adequados, as crianças alérgicas também podem levar uma vida normal. “Diante disso, a pesquisa aborda a importância da ampliação de discussões sobre o tema dentro das escolas, com o intuito de auxiliar na conscientização de todos e, assim, promover maior inclusão dos alérgicos nos ambientes sociais”, finaliza.