Se você prometeu se organizar melhor financeiramente em 2022, mas chegou ao início do ano endividado, não se preocupe: você não está sozinho. De acordo com o levantamento realizado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a inadimplência bateu recordes em 2021, e chegou a um novo patamar, após onze meses consecutivos de crescimento: dados de outubro apontam que 74,6% das famílias brasileiras estão endividadas.
Para André Barretto, fundador e CEO da plataforma de orientação financeira n2 app, o endividamento é um problema intimamente ligado à qualidade precária da educação financeira das pessoas e à dificuldade de organizar as contas. “Quando a pessoa não sabe por onde começar, o que acontece é que as dívidas se acumulam. A maior parte dos brasileiros não dispõe de orientação financeira acessível e simples, e isso faz com que o endividamento aumente. Gastar mais do que ganha é um problema bastante comum”, avalia.
Esse é o seu caso? Se sim, confira algumas dicas para passar 2022 sem dívidas:
Conheça as suas dívidas
O primeiro passo é saber quais são as contas em atraso. Reúna tudo o que você precisa pagar, sejam faturas do cartão de crédito ou taxas como IPVA e IPTU, e organize-as no papel ou em uma planilha simples.
“Pode ser que você se depare com uma soma maior do que esperava, ou que encontre um problema menor do que imaginava. De todo modo, sem conhecimento sobre quanto e para quem você deve, é impossível regularizar as contas”, afirma o CEO.
Corte gastos desnecessários
Se você assina algum serviço, como um canal de streaming, por exemplo, que nunca usa, já passou da hora de cancelar. Faça uma varredura nos seus gastos dos últimos meses: como é possível poupar?
“Um hábito que pode ajudar a manter o histórico dos gastos é anotar tudo em um caderninho ou no celular. Assim, você vê todo o dinheiro que sai. Às vezes, estamos tão acostumados a comprar coisas supérfluas que nem notamos quanto gastamos com isso ao longo do mês”, diz André.
Gere renda extra
Você faz bem algum trabalho manual, como costura ou bordado? Sabe cozinhar, fala bem inglês? Por que não transformar isso em uma fonte de renda e aumentar a quantia que entra no fim do mês?
“Renda extra é sempre um benefício, afinal, é algo além do que já esperávamos receber. Hoje, existem muitas formas de explorar e monetizar habilidades, e a internet é um excelente espaço para divulgar produtos e serviços”, lembra André.
Pesquise por formas de negociar as dívidas
Dívidas com instituições governamentais, como as taxas de IPTU, muitas vezes podem ser renegociadas por meio de programas instituídos pelas prefeituras. Regularmente ocorrem também “feirões” de renegociação de dívidas, em que é possível reduzir as taxas a serem pagas ou conseguir desconto nos juros e multas.
“Estar em contato com a empresa ou com o credor é uma forma de se manter atualizado sobre essas oportunidades”, lembra o CEO. “Além disso, existem plataformas online que permitem organizar as dívidas e encontrar descontos para quitá-las.”
Priorize o que é urgente
Quando as contas estão atrasadas, pode ser difícil definir o que é prioridade. No entanto, uma sugestão é começar pelas dívidas com juros mais altos ou pelas que podem trazer problemas – não estar em dia com o município, por exemplo, pode impossibilitar o acesso a crédito bancário.
“O importante é não se desesperar. Com calma, paciência, e principalmente disciplina e organização, é possível quitar as dívidas e voltar a ficar com o nome limpo.”
Faça um planejamento financeiro
Para evitar voltar ao ciclo de endividamento, é importante separar um tempo para fazer um planejamento financeiro, definindo metas e possibilitando entender melhor quanto dinheiro entra e sai do seu caixa pessoal.
“O planejamento pode ser feito da forma que for mais conveniente para cada pessoa, no papel, no celular ou em uma planilha no Excel. O que importa é que ela seja funcional e compreensível, para que os dados façam sentido”, diz o fundador da plataforma n2 app.
Comece sua reserva de emergência
Depois de quitar as dívidas e iniciar o planejamento financeiro, dê um passo à frente: comece sua reserva de emergência. Esse montante é economizado exatamente para ser utilizado em casos de emergência, quando você precisar de dinheiro rapidamente.
“Nunca se sabe o dia de amanhã. Pode ser que surja uma situação extrema: um filho doente, um acidente, etc e poder contar com um dinheiro especialmente para isso traz mais tranquilidade. O recomendado é que a reserva seja suficiente para cobrir todos os gastos por um período de três meses a um ano, e o valor varia de acordo com as despesas mensais de cada um”, explica André.