Automedicação para emagrecer oferece riscos graves à saúde

Alguns quilos a mais na balança e aquela gordurinha indesejada é sinal de que está na hora de buscar o emagrecimento. Chega então o momento de avaliar quais métodos seguir para alcançar o peso desejado, mas com a devida atenção de não recorrer a procedimentos de risco, como o uso de medicações indiscriminadamente. No entanto, é preciso ter cuidado pois não há uma receita milagrosa e o processo de emagrecer deve ser acompanhado por um profissional da saúde.

Infelizmente a falta de conhecimento ou de acesso a um profissional de saúde qualificado para atender o paciente obeso, faz com que muitos optem por usar medicamentos “naturais” ou até fórmulas que algum amigo ou familiar utilizou, sem qualquer comprovação científica e segurança para seu uso rotineiro.

“De forma geral, há 4 medicamentos liberados atualmente para o tratamento da obesidade e estes atuam aumentando a sensação de saciedade ou diminuindo a absorção de gordura da alimentação. Quando indicados de forma individualizada e utilizados com acompanhamento médico regular, não causam malefício, nem a curto nem a longo prazo”, alerta a endocrinologista e metabologista, Kássia Blauth Reuter de Oliveira, professora de Medicina da Uniderp.

Como qualquer doença crônica, a obesidade deve ser tratada de forma séria e responsável. Cada paciente pode apresentar indicações e contraindicações especificas a cada medicamento disponível, além do risco de se submeter a efeitos colaterais e até complicações relacionadas ao uso de substâncias não aprovadas para combater o excesso de peso. É necessário buscar informação, procurar um médico qualificado para indicar o melhor tratamento de forma individualizada. “Não existe “receita de bolo” no tratamento da obesidade. Cada paciente é único”, completa.

A especialista destaca a atenção com medicamentos que contêm anfetamina. Os anfetamínicos são medicamentos antigos utilizados no tratamento da obesidade. Tem um potencial maior de causar efeitos colaterais como insônia, agitação, irritabilidade, palpitação, aumento de pressão arterial, alterações de humor, entre outros. Não devem ser utilizados de forma indiscriminada nem em doses elevadas. É necessário cautela durante a descontinuidade do tratamento, que deve ser de forma gradual e com acompanhamento médico.

Como qualquer outro tipo de medicamento, há indicações especificas de uso e cuidados a serem seguidos. Quando usados de forma ilegal e sem acompanhamento, os riscos superam os benefícios. “Entre os questionamentos relacionados à anfetamínicos está o risco de dependência, que pode ocorrer, principalmente pelo uso por outras vias que não a via oral. As demais medicações usadas atualmente no tratamento da obesidade não têm esse risco”, explica a endocrinologista.

Quanto ao tratamento adequado da obesidade, a médica enfatiza que é importante pesquisar outras doenças que possam ocorrer em paralelo, afastar causas especificas para obesidade, bem como consequências da mesma como diabetes mellitus e problemas de colesterol. “A base do tratamento consiste em mudanças no hábito alimentar, não necessariamente uma dieta cheia de restrições, mas corrigir hábitos ruins e ajustar a quantidade e qualidade dos alimentos.

Associado a esse pilar há que se promover gasto calórico, geralmente por meio de atividades físicas regulares, o que pode proporcionar também mudanças da composição corporal, com redução de massa gorda e ganho de massa magra (músculos). A indicação de medicação específica para obesidade vem em associação a essa base terapêutica de mudança de estilo de vida”, complementa Kássia, destacando a importância de redes médicas de atendimento, como é oferecido pela Uniderp, nos ambulatórios do Cemed, onde os alunos do 5º e 6º ano atendem os pacientes, juntamente aos preceptores endocrinologistas e nutricionistas para o tratamento multidisciplinar.