Burnout x Carreira: o desafio corporativo pós-pandemia

* Por Claudia Paiva

Cláudia Paiva

Segundo o Relatório Mundial da Felicidade elaborado pela empresa de pesquisas Gallup, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado em março deste ano, a população mundial está mais infeliz e a pandemia de Covid-19 contribuiu para essa conclusão. Para se ter uma ideia, o Brasil, que ocupava o 29º lugar no ranking global de 95 países em 2017-2019, caiu 12 posições, ficando em 41º em 2020.

Pandemia e home office potencializaram a Síndrome de Burnout (Imagem: Anna Tarazevich / Pexels)

Outro levantamento, desta vez da Microsoft, feito no ano passado com a pandemia (e o modo como ela afetou o bem-estar no trabalho no mundo inteiro) como pano de fundo, revelou que 44% dos brasileiros disseram se sentir mais exaustos.

De fato, a pandemia e o home office potencializaram a Síndrome de Burnout, conhecida como síndrome do esgotamento profissional, devido ao próprio isolamento, à mudança do escritório para casa, à sobrecarga de tarefas e ao excesso de reuniões para alinhamento e controle.

Foto de Nataliya Vaitkevich no Pexels

Os intervalos também contribuíram para esse cenário, pois, em home office, as pessoas não costumam fazer pequenas pausas. Elas passam horas em frente ao computador, emendando reuniões, e não se levantam para tomar uma água ou um café, por exemplo. Com isso, a sensação de cansaço emocional é muito maior em relação ao físico.

Ainda, o foco nas entregas e o contexto de competitividade, as metas agressivas, os prazos e as cobranças excessivas, aliados à necessidade de ser notado e de se destacar pelas atividades que desempenha, ampliam essa carga psicológica, principalmente para quem tem dificuldade com disciplina e/ou planejamento.

Por isso, é importante que o colaborador considere alguns pontos, como aprender a administrar o tempo, estabelecer prioridades, repensar valores (e como está lidando com eles), aprender a encarar e superar frustrações, gerenciar relacionamentos, administrar conflitos, e não somatizá-los, e que, tudo isso, seja colocado em uma troca com o seu líder.

Foto de Greta Hoffman no Pexels

Quanto ao posicionamento da empresa, antes de mais nada, o ideal é que o RH e os gestores estejam preparados para identificar os sintomas que o profissional está, indiretamente, verbalizando, principalmente no que diz respeito à sua produtividade e sentimentos. Ignorar estes sinais atrapalha muito. Criar um ambiente acolhedor para que o colaborador possa expor o que está sentindo é uma ótima alternativa, pois, muitas vezes, ele necessita de ajuda para reconhecer que não está bem e não sabe como agir ou por onde começar.

Além disso, desenvolver estratégias para que o funcionário consiga amenizar o peso da rotina corporativa, criando formas de proporcionar leveza ao trabalho e às suas atividades, oferecer opções de tratamento e propor ações que visem a melhora da qualidade de vida também são importantes. Vale ressaltar que fazer com que o colaborador se sinta valorizado é um meio eficiente de ajudá-lo, já que, devido ao quadro em que se encontra, não é capaz de enxergar o seu potencial.
Claudia Paiva: é psicóloga, consultora de carreira e job hunter na Aprimorha Consultoria de Carreira e Orientação Profissional.