*Por Pedro Vieira
O mercado do saneamento no Brasil é, historicamente, pouco aproveitado quando comparado a outros segmentos emergentes. Números levantados pelo Sistema Nacional sobre Saneamento (SNIS), apontam que foram investidos R$ 50,5 bilhões no setor entre os anos de 2018 e 2020, correspondendo a 32,5% do que foi estimado para esse mesmo período.
Essa questão pode e deve ser tratada com mais atenção. Outro levantamento realizado pelo Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) aponta que o setor pode contribuir para que o país alcance um ganho aproximado de R$ 1,4 trilhão, mas para isso ocorrer é preciso que seja investido cerca de R$ 893 bilhões em saneamento até o ano de 2033. Caso a meta seja alcançada, é previsto que ocorra um ganho de quase R$ 952 bilhões nas receitas federais.
O investimento não traria apenas retorno social, já que possibilitaria a ampliação do alcance de serviços de saneamento básico e acesso à água potável para a população, mas o impacto econômico também seria positivo, e o cenário que estamos caminhando é ideal para atrair novos players para este mercado. Isso se deve por conta do novo marco legal do saneamento básico, sancionado por meio da Lei nº 14.026/2020, que vem promovendo maiores investimentos ao setor.
O novo marco legal tem como metas universalizar e qualificar a prestação de serviços no setor até 2033, fazendo com que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto, meta que é difícil de alcançar apenas com dinheiro público. Por este motivo, as leis foram pensadas com o intuito de atrair novos investimentos do setor privado para que seja possível atingir os objetivos por meio das Parcerias Público Privada (PPPs).
A meu ver, o cenário é atrativo para que grandes players invistam em saneamento. Segundo informado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), R$72,2 bilhões já foram investidos no setor após dois anos da aprovação do novo marco legal. Se as coisas continuarem neste ritmo, a expectativa é que seja gerado um grande retorno financeiro que possibilitará o alcance das metas citadas acima, fazendo com que a população tenha acesso à serviços de qualidade e fácil acesso à água potável, que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é um direito humano, independente da condição social, econômica, cultural, de gênero ou etnia do indivíduo.
O mercado está cada vez mais forte, não apenas gerando novas oportunidades de emprego, como também promovendo uma melhor qualidade de vida à sociedade. No entanto, ainda temos um longo caminho a percorrer, e a parceria entre poder público e empresas privadas pode ser o caminho para que o mercado de saneamento básico siga crescendo e impactando, positivamente, todos os envolvidos.
Pedro Vieira é diretor da Projesan Water & Co. O executivo possui mais de 13 anos na empresa, que é especializada no tratamento de água no segmento B2B.