Cânceres Urológicos: quais são e como podem ser diagnosticados em estágios iniciais

*Dr. Marco Lipay

Os cânceres urológicos estão entre os tumores mais frequentes e podem ser diagnosticados em estágios iniciais, isto é, quando ainda estão confinados ao órgão e não causam sintomas. O diagnóstico precoce é a melhor forma de se obter um prognóstico favorável. Os cânceres de rim, adrenal, ureter e bexiga podem ocorrer tanto em homens como em mulheres; já os cânceres de próstata, pênis e testículos são específicos de homens.

Os rins filtram o sangue, produzindo a urina. A urina é conduzida pelos ureteres até a bexiga, onde é armazenada. A dinâmica miccional é finalizada quando a uretra elimina a urina para o meio externo e um novo ciclo recomeça para homens e mulheres.

Considerando especificamente o aparelho genital masculino, os testículos produzem os espermatozoides, que são conduzidos para as vesículas seminais pelos deferentes. A próstata produz o líquido que fica armazenado nas vesículas seminais, nutrindo os espermatozoides entre os intervalos sexuais.

As células desses órgãos têm a capacidade de se reproduzir e crescer, atributo fundamental de manutenção da vida. O estágio através do qual as células passam de uma divisão à outra é conhecido como ciclo celular.

O câncer é uma doença resultante da perda do controle da célula sobre sua própria capacidade de regular o processo de divisão, levando ao seu crescimento desordenado. Alguns dos principais mecanismos que afetam a sequência normal de eventos do ciclo celular envolvem mutações em dois grupos principais de genes: os oncogenes e os genes supressores de tumor. Os primeiros estão relacionados com a indução da divisão celular enquanto os outros, ao contrário, atuam sobre os primeiros, num sistema eficiente de controle de proliferação.

As mutações que levam ao câncer podem estar ligadas a fatores ambientais; estilo de vida; tabagismo; fatores hereditários e envelhecimento, entre outros.

Nos últimos anos, os métodos de detecção e tratamento de cânceres urológicos foram aprimorados e atualmente os pacientes têm uma variedade de opções visando o diagnóstico precoce.

Em uma consulta de rotina ou em um achado de imagem, pode-se fazer uma suspeita de câncer.

Hoje, o arsenal diagnóstico é bastante significativo, como por exemplo:

– Exames laboratoriais que são conhecidos como marcadores, como por exemplo: PSA, Alfa Feto Proteína, Beta HCG, Citologia Urinária Oncótica.

– Diagnósticos por Genética Molecular.

– Estudos de imagem que avaliam se há tecido anormal ao longo do trato urinário ou fora dele, como o Ultrassom, Tomografia Computadorizada, Angiografia, Doppler, Cintilografia, Ressonância Nuclear Magnética e Pet CT Scan.

– Procedimentos endourológicos como a cistoscopia ou ureteroscopia, que obtém imagens a partir de instrumento delicado que tem uma câmera acoplada, possibilitando a verificação de tumores na uretra, bexiga, ureter e sistema coletor de urina nos rins.

– Biópsias, procedimento pelo qual é possível obter uma amostra de tecido anormal e analisá-lo em busca de células cancerígenas.

Nem todos os cânceres são iguais. Portanto, o tratamento deve ser individualizado e em algumas situações será necessário envolver uma equipe multidisciplinar (urologia, oncologia, radioterapia, patologia, radiologia) na condução do caso.

Neste momento não podemos deixar de lembrar que, em recente publicação, a Sociedade Brasileira de Urologia – Seção São Paulo, mostrou queda significativa nos números de novos diagnósticos de tumores urológicos em 2020, quando comparado a igual período em 2019. Os dados analisados foram fornecidos por cinco instituições paulistas que realizam atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) evidenciando que os diagnósticos de câncer de rim, próstata e bexiga diminuíram, em média, 26% no período da Pandemia (COVID-19).

De acordo com o levantamento, o Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp) observou queda de 52% de novos casos de câncer de bexiga e de 63% de rim. O Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou redução em 35% de novos casos de câncer de rim neste período.

O diagnóstico de tumor de próstata, segundo câncer urológico de maior prevalência nos homens e a segunda maior causa de óbito nesta população, apresentou uma redução média de 33% nas instituições pesquisadas. Diante do apresentado, recomendamos que os pacientes não deixem de fazer suas consultas de rotina e, se você estiver em tratamento, nunca abandone a terapia.

A doença causada pelo SARS-CoV-2 (COVID-19) não inibiu o aparecimento de novos casos de cânceres, apenas promoveu o afastamento dos pacientes dos consultórios médicos e hospitais, retardando o diagnóstico e reduzindo as chances de cura.

Durante a Pandemia, não deixe de usar máscaras, manter o distanciamento social, lavar as mãos frequentemente com água e sabão, usar álcool em gel quando não for possível lavar as mãos e vacinar-se assim que for convocado. Hospitais e consultórios seguem rigorosos protocolos de prevenção ao coronavírus, conforme orientações do Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária.

Assim, conclui-se que os tumores urológicos tem alta incidência de morbidade e mortalidade, mas com bons prognósticos quando diagnosticados precocemente. Na dúvida, não tenha receio em conversar com o seu Urologista (de modo presencial, por telefone ou videoconferência), ele vai saber lhe orientar.

*Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)