*Por Ricardo Sardagna, executivo da Allianz Automotive
Converse com especialistas do setor automotivo e ficará claro que o carro autônomo não é mais uma dúvida de ‘se’, mas sim de ‘quando’. A sigla CASE – Connected, Autonomous Shared and Electric, parece definir o que será o carro do futuro. Por conta disso, todas essas novidades estão chegando ao mercado praticamente ao mesmo tempo, porém em velocidades diferentes ao redor do mundo.
Especialmente sobre o carro autônomo, são diversos os aspectos que compõem este universo. Um deles, talvez o principal, é o aumento da segurança, resultante dos sistemas de monitoramento embarcados no veículo que garantem controles como velocidade, frenagem e manobras de emergência independentes de uma ação do motorista, reduzindo a ocorrência de acidentes, danos pessoais e mortalidade nas estradas. Como a tecnologia vem avançando gradativamente nessa linha, o modo autônomo já é uma realidade e um caminho sem volta.
No entanto, para chegarmos a 100% do processo, consideram-se os diferentes níveis de automação do veículo. De acordo com a Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Rodovias (NHTSA), nos Estados Unidos, são 6 níveis:
Nível 0 – sem automação;
Nível 1 – assistência ao motorista – sensores de ré, de alerta de excesso de velocidade e outros;
Nível 2 – automação parcial – controle de direção e frenagem simultâneos;
Nível 3 – automação condicional – o carro é capaz de dirigir sozinho utilizando tecnologia IoT, mas apenas em condições ideais e com algumas limitações. Ainda necessita de intervenção humana;
Nível 4 – alta automação – sem necessidade de intervenção humana. Estes veículos ainda têm disponibilidade restrita nas vias públicas e os testes continuam ocorrendo apenas em ambientes controlados;
Nível 5 – automação total – Quando estiver disponível, os ocupantes serão apenas passageiros e não será necessário ter volante ou pedais pois os veículos provavelmente serão 100% controlados por meio de uma assistente de voz.
Mas afinal, há tempos que falamos sobre carros autônomos. Então por que a demora? Quais são as barreiras que o Brasil encontra para alavancar de vez a opção de automóvel que dirige sozinho? Bom, a primeira resposta é bem simples. Com o tamanho do nosso país e suas diferenças regionais, sofremos impasses com a infraestrutura de telecomunicações que dificulta a conectividade dos veículos à internet durante todo o trajeto, bem como que as estradas estejam todas mapeadas e sinalizadas para que o veículo possa ler e interpretar as ruas, intersecções e a presença de outros veículos. Por questão de segurança, os sistemas de visão computadorizada precisam reconhecer o caminho ou até mesmo o perigo, a tempo para a inteligência artificial aplicar suas responsabilidades.
Por outro lado, existe o alto custo da tecnologia. O alto investimento acaba sendo refletido no preço do carro e isso pode ser um contratempo ainda maior caso o consumidor ainda não esteja pronto e necessite de um tempo de adaptação para ter a confiança de adquirir essa opção.
Mesmo que ainda seja uma grande aposta, com diferentes expectativas, entendo que a direção autônoma vai encontrar o seu caminho e invadir o mercado de mobilidade nos próximos anos (há expectativas de que os primeiros veículos serão disponibilizados até 2025). Por enquanto podemos nos preparar para o futuro. O que sabemos é que, quando tivermos os sistemas de direção autônoma prontos para fazer um trabalho real e significativo, teremos mais proteção, mais segurança nas vias, o seguro será mais barato e você se tornará o passageiro do seu próprio carro.