Vinícolas em escala humana inovam com produções sustentáveis, valorizando terroirs selvagens, métodos ancestrais e castas patrimoniais.
Há exatos 475 anos, em 4 de setembro de 1545, o militar Pedro de Valdívia escreveu uma carta ao Rei Carlos V, da Espanha, solicitando “videiras e vinhos para evangelizar o Chile”. A comunicação inspirou a criação do Dia do Vinho Chileno, celebrado no país andino com festas, degustações e promoções.
Quase 5 séculos se passaram e os brancos, tintos e rosés da nação mais estreita da América Latina conquistaram o mundo. Principalmente o Brasil, um de seus principais mercados na atualidade. Em 2018 os rótulos chilenos corresponderam a 46% do total das importações brasileiras, o que equivale a 67 milhões de garrafas.
Reconhecido por seus tintos fáceis de beber, com muita cor e fruta; além de brancos descomplicados, o país tem sua imagem renovada no mercado com a chegada de produtores com novas filosofias e estilos de vinificação.
São pequenas vinícolas que investem em modelos de produção mais livre e sustentável, valorizam terroirs selvagens ou mesmo produzem a partir de videiras centenárias, que constituem um patrimônio vitivinícola até então desprezado.
“O resultado de tudo isso é um presente aos que apreciam bons vinhos: rótulos de altíssima qualidade, feitos em escala humana e que, verdadeiramente, refletem não somente a territorialidade dessas áreas produtivas, mas o que de melhor se pode fazer no Chile hoje”, comenta o brasileiro David Giacomini, diretor da Importadora Vinhos Novo Chile.
Sua empresa, fundada em 2019, é responsável por uma curadoria criteriosa de vinícolas com essa visão de vanguarda. “Temos em nosso portfólio vinícolas premiadas, classificadas entre as 125 melhores do Chile pelo crítico britânico Tim Atkin, Master of Wine, além de outras que figuraram várias vezes em guias como Descorchados e James Suckling”, complementa.
A seguir, conheça 8 vinícolas que representam a vanguarda do vinho chileno:
Vinícola Villalobos – Com videiras centenárias que crescem e frutificam soltas no meio do mato, a Vinícola Villalobos se destaca pelo vinhedo mais próximo de seu estado natural, sem intervenção humana e colheita feita com escadas em cima das árvores. Para beber: Villalobos Carignan (92 pontos na escala Robert Parker e considerado um dos melhores varietais da uva pelo Guia Descorchados), Lobo Carménère e Zorrito Salvaje.
La Recova – A La Recova fica na região mais fria do Vale de Casablanca e tem suas plantações em ladeiras empinadas de tirar o fôlego, com videiras separadas por apenas 80 cm. É o vinhedo de Sauvignon Blanc de maior densidade de plantação do Chile. Para beber: Avid Sauvignon Blanc (91 Pontos no Guia Best of Chile) e Obstinado Rosé Demi-sec.
Laura Hartwig – Localizada no Valle de Colchagua, é uma das mais premiadas da atualidade. Tem 145 hectares plantados de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Carménère, Malbec, Syrah e Petit Verdot, com uma viticultura sustentável e de baixo impacto. Para beber: todos os seus vinhos receberam pontuações acima de 90 em listas e guias. Atenção ao Laura (96 pontos no James Suckling e considerado um dos 100 melhores Vinhos do Chile pelo especialista), Laura Hartwig Edición de Familia (também no Top 100 James Suckling), Laluca Malbec e Laluca Merlot.
Vinícola Alchemy – Eleita a melhor vinícola de pequenas produções do Chile e detém o melhor Carménère no Catad´Or de Santiago. Para beber: Alchemy Gran Cuvee (93 pontos no guia James Suckling) e Parroné Syrah.
Vinícola OWM – Uma vinícola de pequeníssima produção; com colheita, desengace e vários outros processos feitos manualmente. Está localizada no Vale de Panamá, no Vale de Colchagua, local que possui um microclima que a diferencia dos demais vinhedos da mesma região. Para beber: OWM Handmade, um blend único de seis castas com estágio de 15 meses em barricas de carvalho (90 pontos James Suckling) e Pillo de Panamá, blend de Cabernet-Syrah criado em tanques de cimento (92 pontos James Suckling).
BOWines (Best Origin Wines) – Possui um belíssimo trabalho de resgate de castas patrimoniais, trabalhando principalmente com videiras centenárias de Carignan da região do Maule e que sobreviveram anos sem manejo. Para beber: todos os seus vinhos são premiados, com destaque para o Carae (revelação da Guia Descorchados, 93 pontos no James Suckling, 90 Tim Atkin e 90 Robert Parker), Malcriado (blend de Cabernet Sauvignon e Carignan), Fillo Carignan e Fillo Malbec.
Vinícola Erasmo – Esta vinícola é de propriedade do Conde Francesco Marone Cinzano, com tradição familiar no ramo da vitivinicultura e também responsável pelos Brunellos di Montalcino da grande Col d’Orcia. No Maule, produz vinhos de tratamento orgânico e ao estilo do Velho Mundo. Para beber: Erasmo 2019 (91 pontos James Suckling e destaque na lista dos Melhores Blends do Chile pelo Guia Descorchados), Erasmo Rosé de Mourvedre (Melhor Rosé do Chile pelo Guia Descorchados) e Erasmo Garnacha Alicante.
Vinícola Trapi – Localizada no Vale de Osorno, na Patagônia Chilena, produz vinhos frescos e elegantes em um dos territórios mais extremos e frios do país. Seu trabalho é artesanal: colheita e seleção dos cachos são manuais, uso de pisa pé e de leveduras selvagens, além de engarrafamento sem filtração. Para beber: Trapi Hand Made 2017 (91 pontos Tim Atkin e 93 pontos no Guia James Suckling, considerado um dos 100 melhores vinhos do Chile pelo crítico) e Pinot Noir Savage.
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