*Érica Gomes Partner
O ano é 2020. Nós, da empresa de comunicação, marketing e estratégia contratada, estávamos empenhados atendendo uma empresa de nicho, com serviços B2B, atuante em três dos principais estados do Brasil, incluindo São Paulo, capital.
Faz parte de nossa metodologia entender para onde a empresa vai caminhar e, assim, orientar a comunicação para esse objetivo, escolhendo os canais, meios e formas. Além disso, as inúmeras mudanças da LGPD impactavam diretamente na forma que trabalharíamos.
A primeira grande surpresa foi perceber que, embora com uma receita de milhões e com cerca de 14 anos de atuação no Brasil, a empresa não possuía interação entre os escritórios. Não era totalmente estranho, pelo ramo da atividade. Mas, completamente arriscado, dentro de uma empresa organizada e esclarecida.
Mesmo assim, as quatro reuniões anteriores haviam sido promissoras. Eles começaram a se conversar e perceberam que não era tão doloroso pensar em grupo o quanto imaginavam que fosse. Fizemos um grupo para conversas rápidas no celular e criamos um espaço onde tudo o que era desenvolvido ficava registrado em uma administração visível online, para acesso imediato de quem quisesse.
Era a quinta reunião com o board e naquele momento apurávamos os objetivos de crescimento para os próximos 1, 3 e 5 anos. Foi uma hora e meia de um meeting valioso, cheio de insights e alinhamento entre eles. Não houveram discussões. Os sócios incrivelmente colaboravam entre si para ajustarem os objetivos regionais ao objetivo maior. Estavam pensavam alto.
Assim que finalizamos o documento, fizemos uma pergunta simples: vocês possuem uma metodologia para mapear, orientar e implementar todas as atividades necessárias para concretizar os objetivos?
“Não”.
Ok, então, podemos oferecer uma? Já ouviram falar do PDCA?
“Não conhecemos, mas, estamos dispostos a aprender”.
Neste momento, é importante ressaltar que não estávamos tratando com pessoas comuns, que lutaram para crescer na vida e não tiveram oportunidades. Estávamos falando com pessoas de famílias nobres, estudadas em escolas de ponta e que, por algum motivo, foram excelentes executivos, mas, deixaram escapar algo enquanto empresários.
Mas, afinal, será o PDCA uma ferramenta subestimada? Ultrapassada? Irrelevante?
Bom, vamos a alguns dados.
Em torno de 700 mil empresas são abertas por ano no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total, a cada 10 organizações, seis fecham as portas antes de completar cinco anos de existência. Neste contexto, um dos fatores que mais pesa é a falta de planejamento.
Já o estudo Causa Mortis do Sebrae mostra dados fundamentais para o entendimento do quanto estamos atrasados na adoção de planos. Após 1.829 entrevistas para entender o principal motivo do encerramento do negócios, apontado como falta de informações importantes sobre o mercado, o resultado foi que: 46% não sabiam o número de clientes que teriam e os hábitos de consumo desses clientes; 39% não sabiam qual era o capital de giro necessário para abrir o negócio; 38% não sabiam o número de concorrentes que teriam; 37% não sabiam a melhor localização; 33% não tinham informações sobre fornecedores; 32% não conheciam os aspectos legais do negócio; 31% não sabiam o investimento necessário para o negócio e 18% não levantaram a qualificação necessária da mão de obra.
O fato é que muitas organizações, principalmente as de pequeno porte, desvalorizam a importância de estratégias e planejamento a curto, médio e longo prazo. E é aí que uma ferramenta aparentemente simples pode fazer a diferença entre a vida e a morte do empreendimento.
Em uma era hiperconectada e hipercompetitiva, é até compreensível uma busca por algo que transcenda o racional, seja altamente digital e cheia se atrativos. Porém, quando se trata de resultados, o PDCA se mostra altamente eficiente, pois é baseado em um método científico, com uma abordagem comprovadamente confiável.
Aqui na LC4 Comunicação, Marketing e Estratégia, empresa coligada ao ecossistema de negócios Startwp, temos trabalhado constantemente com essa ferramenta com reconhecidos resultados. Em termos de performance da equipe, podemos destacar o aumento de produtividade pelo estímulo ao trabalho colaborativo e padronização dos métodos. Os processos de tomada de decisão passaram a ser muito mais assertivos assim como as soluções para problemas, baseadas nos dados e fatos apresentados pela visão do todo, possível por meio do PDCA.
A comunicação do time também foi sensivelmente aprimorada, graças à uniformização imposta pelo ciclo. Ainda como vantagem da implementação da ferramenta podemos destacar a simplificação e agilização dos métodos e processos, o que também contribui sensivelmente para redução de horas/trabalho.
É essencial que você execute e repita o processo, pois quanto mais vezes repetir, mais rápido o padrão de qualidade será elevado, mais controle se terá sobre o processo e mais capacitada se tornará a equipe envolvida. Justamente por ser um ciclo, não há previsão de fim, sendo possível implementar o PDCA em um processo e não retirá-lo mais, voltando ao início – na etapa do planejamento – para o aperfeiçoamento de qualquer que seja a necessidade sempre que necessário.
A recomendação é que você inicie a utilização do PDCA a partir de processos mais simples. Dessa forma, conforme você for bem-sucedido, você ganhará robustez e conhecimento do funcionamento da ferramenta, sendo capaz de partir para solução de problemas cada vez mais complexos e importantes para o desempenho da empresa.
*Érica Gomes Partner da LC4 Comunicação, Marketing e Estratégia – empresa que compõe o ecossistema de negócios Startwp. Pós-graduanda no MBA em Gestão de Pessoas