Com a chegada da Copa de 2022 e as festividades de fim de ano, sobe a frequência dos disparos de fogos de artifício. Com o aumento do ruído, chega uma preocupação recorrente para os donos de pets: o medo que muitos bichinhos têm do barulho dos fogos, bombinhas e rojões. As reações são variadas, e vão desde a aceleração dos batimentos cardíacos até respostas de pânico. Nesses momentos, alguns cães podem tentar fugir, se machucar ou até morder quem tenta contê-los.
Não é à toa que os cachorros se assustam com os fogos, que têm volume muito alto e são inesperados para eles. A Dra. Karin Botteon, veterinária da Boehringer Ingelheim, explica: “Os cães têm sentidos muito mais aguçados que os humanos. Para colocar em perspectiva, o ouvido humano é capaz de captar sons na faixa de 10 Hz a 20.000 Hz. Já os caninos conseguem perceber barulhos de 10 Hz a 40.000 Hz, podendo também detectar sons em distâncias quatro vezes maiores do que nós humanos.”
Para ajudar os tutores a amenizar o sofrimento de seus pets, a Boehringer Ingelheim convidou o adestrador de cães Átila Rodrigues, que tem mais de 20 anos de experiência na área e é o criador do método Vínculo Inabalável, para esclarecer o que pode ser feito nesses momentos. “Naturalmente, os cachorros têm uma audição muito melhor do que a nossa. Qualquer som que é alto para nós, para eles é muito mais. Portanto, é totalmente compreensível que um cão desenvolva fobia ao som de fogos.”, explica. Átila ressalta que, quando se trata de filhotes, temos um livro em branco ou seja, é um cão que ainda não definiu se os fogos de artifício são algo ruim ou bom.
Para dessensibilizar o cãozinho, o tutor pode fazer a sociabilização ao som de fogos, ou seja, ajudar para que ele não encare os fogos de artifício como algo negativo. “Na prática, o tutor pode colocar sons de fogos de artifício no YouTube, conectar a uma caixinha de som em volume baixo, e espalhar a ração do filhotinho no chão. Quando você espalha, ele come mais devagar, e assim passa mais tempo ouvindo o som dos fogos e emparelhando esse som a algo positivo (comida). Faça isso diariamente, seja seu cão filhote ou já adulto. Com a habituação e o contracondicionamento (dar petisco ou ração) seu cão irá associar esse som a algo bom e, portanto, não terá medo”, explica o adestrador.
Quando lidamos com cães adultos que já têm essa fobia, Átila é categórico: “Se é um cão que já apresenta muito medo e os dias de fogos de artifício estão perto, a dessensibilização auditiva pode não surtir muito efeito. Então, o primeiro passo é acolher esse cão para que o episódio dos fogos seja o menos traumático possível”. O adestrador recomenda não deixar o seu bichinho em ambiente externo, como varanda, quintal ou frente de casa. Prefira colocar ele em seu quarto, onde você consegue fechar as portas e evitar a fuga. Outra indicação é colocar uma música para tocar ou ligar a TV no ambiente em que ele for ficar, para abafar os ruídos externos. “Se possível, climatize o ambiente para gerar mais conforto, utilizando ar-condicionado ou ventilador”, completa o treinador. Outra medida importante, principalmente para pets fujões, é a identificação na coleira com telefone para contato.
Além disso, busque gastar mais a energia de seu cão antes do jogo de futebol ou da virada do ano, com passeios longos e mais opções de petisco. “Durante a queima de fogos, é possível que ele não aceite agrados e se esconda embaixo de uma mesa, cama ou cadeira. Deixe-o fazer isso! Não o tire daquele local, pois para ele isso é uma toca, e assim ele se sente mais seguro”, destaca Átila. “Nunca force a interação, não puxe seu cão de onde ele escolheu se ”esconder” e evite sair na rua nos horários de jogos”, completa.
O importante é acolher seu pet com medidas seguras e responsáveis. Em casos extremos, pode ser indicado o uso de calmantes entretanto, a administração desse tipo de produto deve ser feita exclusivamente pelo veterinário de sua confiança. Com medidas simples e empatia com os animais, a temporada de fogos de artifício pode ser muito mais tranquila.