Por meio de atividades artísticas, elas expressam sua visão de mundo e desenvolvem a criatividade.
A infância é o período em que as crianças encontram maneiras diferentes de se expressar. Seja por meio de desenhos, pinturas ou nas descobertas das cores, elas são capazes de brincar e interagir com o mundo a sua volta. O incentivo a criar, principalmente no ambiente escolar, cresceu nos últimos anos e hoje as artes são consideradas parte essencial do currículo escolar.
Uma cena muito comum em qualquer lar onde vivem crianças são folhas de papel com desenhos grudados na porta da geladeira e nas paredes. Para elas, não existe um padrão a ser seguido, apenas uma vontade e um impulso nato de manifestar suas percepções do mundo que ainda está em construção.
De repente, o papel em branco ganha alegria, rabiscos, formas e cores – como diz a letra da música Aquarela, do compositor Toquinho: “Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel, num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu”.
Universo interior
De acordo com o diretor geral do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado em São Paulo (SP), Carlos Dorlass, o contato com a Arte é importante, além do desenvolvimento de habilidades motoras, também da criatividade e imaginação. “A prática artística favorece o reconhecimento que a criança tem de si em relação aos outros. A escolha de formatos, tamanhos e cores nos desenhos, por exemplo, indicam que as informações vêm sendo absorvidas e interpretadas pelos cinco sentidos, assim como revelam a forma na qual estrutura o seu pensamento e sua visão de mundo (sua percepção do lúdico e do real e dos elementos da cultura na qual está inserida). O que tem início no simples prazer de evidenciar traços num papel ou superfície, pode revelar a ideia fiel de como estrutura seu rico e complexo universo interior”, esclarece.
Ao desenhar, os movimentos feitos com o lápis, o giz de cera ou o pincel desenvolvem habilidades que serão necessárias para a escrita.
“Toda vez que você perceber seu filho rabiscando em um papel ou arriscando outros espaços, tenha em mente que ele está exercitando habilidades que facilitarão sua aprendizagem formal mais tarde. Por isso, é importante oferecer os mais diversos materiais, com diferentes cores, espessuras e texturas, para que a criança possa criar, se expressar e se entender como ser humano”, explica o professor.
Dorlass esclarece que a família deve oportunizar situações em que a criança esteja sentada, deitada, em pé para a atividade. O diretor explica que isso favorecerá, além de maior amplitude em seu desenvolvimento motor e especial prazer em vivenciar, o exercício de inúmeras possibilidades de observação, capacidade imaginativa e interação.
“Gosto muito da afirmação do psicólogo e biólogo suíço Jean Piaget, que nos ensina que a criança desenha mais o que sabe do que realmente consegue ver. Seguindo essa premissa, podemos imaginar a importância do nosso papel como educadores, em oportunizar as melhores experiências, capazes de enriquecer seu pensamento, a fim de que esse saber, potencialize significativamente, o seu poder de criação”, afirma.