O Dia Mundial do Rim, 11 de março, deve ser lembrado com atenção neste ano de pandemia, já que durante o período de isolamento social, 30% dos pacientes renais deixaram de buscar tratamento, segundo a médica nefrologista do Vera Cruz Hospital, Janaína Gondim.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, uma em cada dez pessoas tem doença renal crônica e mais de 130 mil brasileiros fazem algum tipo de tratamento. “Os pacientes portadores de doença renal crônica (DRC) necessitam, muitas vezes, de exames periódicos regulares, avaliações médicas, nutricionais, psicológicas e de manutenção de suas diálises para aqueles que já necessitam desse tipo de terapia.
Com essa redução dos acompanhamentos, há um risco de progressão da doença renal, muitas vezes por evolução natural da própria doença ou por interrupção ou uso inadequado das medicações necessárias, e também por falta de informação, de um esclarecimento e supervisão contínuos”, explica.
Ela ressalta ainda que a área da nefrologia é bastante sensível ao vírus, pois além dos doentes renais crônicos não poderem ficar em casa, pois necessitam das sessões para sobreviver, eles se enquadram na população de risco da covid-19. “A infecção pelo coronavírus está fortemente associada ao acometimento renal de forma aguda”, afirma.
A ausência de tratamento, ainda segundo a especialista, pode desenvolver formas mais graves da doença. “O risco de desenvolver uma forma mais grave do coronavírus sem dúvida encontra-se aumentado na população com DRC, pois trata-se, muitas vezes, de pacientes idosos, com diabetes melitus (níveis elevados de glicose no sangue), hipertensão arterial sistêmica ou rim único, ou seja, uma subpopulação com uma reserva renal reduzida”, completa.
Prevenção é o melhor remédio
Ainda segundo a nefrologista, é cada vez mais frequente doenças renais em variados graus de acometimento, sendo necessário assegurar acesso a investigação médica adequada. “Para isso é necessário instalar medidas preventivas eficazes e direcionar esses pacientes a tratamentos precoces que se não realizados podem se tornar transplantes renais”, explica a médica.
Entre os sintomas de problemas renais estão: a presença de sangue ou espuma na urina, inchaço em membros inferiores, elevação da pressão arterial, palidez cutânea, cansaço, fadiga, náuseas e vômitos. “Já os comuns cálculos renais podem obstruir subitamente o trato urinário, na maioria das vezes, se acompanhando de fortes dores e necessidade de tratamento cirúrgico. Nos pacientes com cálculos do trato urinário, as infecções urinárias podem ser mais frequentes”, afirma.
Ela alerta ainda que a insuficiência renal crônica pode se apresentar com frequência de modo assintomático até que evolua a estágios mais avançados de falência renal. “Ou seja, o paciente mesmo doente pode ficar assintomático por muito tempo”.
A nefrologista ainda afirma que doenças crônicas como diabetes, por exemplo, podem desenvolver problemas nos rins, por isso, ela pede atenção redobrada nos exames preventivos. “Os pacientes diabéticos não adequadamente controlados podem vir a ter variados graus de lesão renal, conhecida por nefropatia diabética, que pode evoluir a falência renal avançada”. Entre os exames mais comuns estão dosagem da creatinina no sangue, urina 1, ureia sérica e ultrassom do trato urinário.
Por isso, todos que sofrem de insuficiência renal devem ter cuidados redobrados para evitar o contágio com o novo coronavírus. Além de adotar o isolamento social, saindo de casa apenas para realizar a diálise, é preciso seguir de forma rigorosa as demais recomendações válidas para toda a população, como higienizar as mãos com frequência com água e sabão ou álcool gel 70% e não compartilhar o uso de objetos pessoais. “Já as unidades de diálise precisam seguir os protocolos definidos pela Sociedade Brasileira de Nefrologia para preservar a saúde de quem depende do tratamento, como intensificar a higienização de todos os objetos e ambientes e avaliar casos suspeitos antes da entrada no local”, conclui a médica.