Mercado do compartilhamento mira na classe A, atraídos por resorts, aeronaves e lanchas
Ter bens de luxo é o sonho de consumo de muitos. Mas muitos se deparam com o alto custo de manutenção de uma lancha, helicóptero ou mesmo de um apartamento de férias. De modo geral, a conta não fecha quando se compara o tempo de uso – poucas vezes ao ano – de cada um desses itens e o alto investimento para ser dono dessas regalias. Mas para quem não abre mão de ter esses bens e ainda assim quer economizar, o mercado encontrou uma solução: o compartilhamento de propriedade.
No ramo de aviões e helicópteros particulares já existe a compra de aparelhos compartilhados. O cliente compra uma fração do helicóptero (5%) ou jato (16,6%), obtendo o direito de voar até 60 horas por ano com o helicóptero ou até 120 horas no caso do jato. Na compra do helicóptero, por exemplo, a fração pode custar R$240 mil, frente ao valor total de R$7,24 milhões. A conta fica ainda melhor quando se compara o tempo de voo, em média 100 horas por ano e a maior parte do tempo o helicóptero fica parado.
Já no caso dos resorts de luxo em multipropriedades, existe a escritura que dá o direito de compra e venda da fração do imóvel. Na multipropriedade, o proprietário passa a ser dono de 1/26 do imóvel, investindo muito menos do que o necessário para dar a entrada em um imóvel tradicional. No Residence Club at the Hard Rock Hotel Fortaleza é possível comprar frações a partir de R$60 mil reais. Como proprietário, pode desfrutar de duas semanas por ano em seu imóvel com serviço de hotelaria cinco estrelas, pode alugar através do pool do hotel para outros hóspedes ou trocar sua semana de uso por hospedagens em outros 4.300 destinos no mundo.
“Trabalhamos apenas com bandeiras mundialmente reconhecidas pelo alto padrão. A qualidade está em cada parte, do projeto ao serviço. Planejamos cada detalhe para que os proprietários vivam os melhores dias de sua vida”, diz Samuel Sicchierolli, presidente da VCI, empresa responsável pela implementação de bandeiras premiums no Brasil no sistema de multipropriedade. Se fosse comprar o mesmo imóvel inteiro, de frente para o mar, isto custaria uma fortuna de investimento e de manutenção. Já neste modelo, os custos de condomínio incluem toda manutenção e também são fracionados com todos os proprietários, assim como o valor bem mais baixo pago pelo investimento.
No mercado de lanchas a conta é bem parecida. Estima-se que um barco de recreio individual é usado, em média, 30 dias ao ano, ficando parado durante todo o restante, resultando em despesas com guarda e manutenção. Já com o compartilhamento, é possível comprar uma cota de uma lancha no valor de 300 mil reais por apenas 40 mil reais. Neste formato, a reserva de datas é feita por um sistema e cada cotista se programa para usar o barco nas datas desejadas, em média, 20 dias por ano.
Num momento onde a experiência é mais valorizada do que a posse integral de bens, o custo benefício destas modalidades é vantajoso. Pagar apenas pelo que usa e economizar com o tempo ocioso de um imóvel de férias, lancha ou jatinho tem chamado a atenção de empresários e executivos, aumentando as possibilidades de atuação do mercado