Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a endometriose afeta cerca de 180 milhões de mulheres no mundo e cerca de 7 milhões delas estão no Brasil. Isso corresponde a, aproximadamente, uma em cada dez brasileiras em idade reprodutiva.
O processo inflamatório decorrente da endometriose pode causar vários sintomas, tendo como principal a dor durante a menstruação e a dispareunia, dor recorrente que acontece durante ou após o ato sexual e que afeta de 54,7% a 86% das mulheres com a doença.
Para controlar o principal sintoma da endometriose é preciso manter o acompanhamento com uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiras, psicólogos e terapeuta sexual, que ajudará na rotina das pacientes e de seus parceiros. Um estudo sobre sexualidade em 26 mulheres com endometriose, por meio de abordagem psicossomática e sexológica, mostrou que a resposta clínica da dor foi satisfatória em todas as pacientes na vigência do tratamento e isso promoveu uma melhoria na sexualidade em 21 pacientes, incluindo um melhor relacionamento com os parceiros.
“A participação dos parceiros durante o tratamento é essencial e impacta de forma decisiva na sexualidade e na autoestima da mulher. Para elaborarmos medidas efetivas e complementares ao tratamento ginecológico é importante partir da escuta a estas mulheres, a fim de dar voz as suas queixas, e isso também é papel do parceiro ou parceira desta mulher” – aponta o médico ginecologista Eduardo Schor, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE).
A importância do diagnóstico precoce
Estudos, em diversos países, incluindo o Brasil, mostram que existe uma demora acentuada entre aparição dos sintomas, o diagnóstico e o início do tratamento. Porém, o tratamento iniciado precocemente permite que a paciente tenha um maior controle sobre a doença, evitando a piora dos sintomas e suas complicações – como infertilidade e focos extensos no intestino ou na bexiga.
“O principal sintoma da endometriose é a cólica menstrual e é necessário observar de perto. Nenhuma mulher, ou até mesmo uma adolescente, deve sentir dor durante este período. Se a cólica é forte, impeditiva e não melhora com as medicações analgésicas ou anti-inflamatórias, deve-se pensar em endometriose.” – alerta Dr. Eduardo Schor.
O especialista ainda explica que o apoio e compreensão da família e do parceiro ou parceira são essenciais para a paciente. “Em alguns casos, a mulher sofre calada as suas dores e isso leva ao atraso de uma consulta médica que poderia solucionar ou, pelo menos, ajuda-la com a sua dor. O papel do (a) parceiro (a) aqui é crucial: a empatia e a participação ativa na vida de suas parceiras, aliado ao ginecologista, resultará em mais chances de sucesso durante o tratamento”.