Enem: como trabalhar a memória e ter bom desempenho na prova

Memória é a capacidade de armazenar informações que possam ser recuperadas e utilizadas posteriormente. Já a aprendizagem, é o processo de aquisição das informações que vão ser armazenadas. Após a aprendizagem, há a retenção, que ocorre por tempos curtos e longos.

O armazenamento por tempos curtos pode ser transformado em longa duração pelo processo da consolidação da memória, conforme explica Aline Marques, médica neurologista e professora do curso de Medicina da Uniderp. “Podemos dividir a memória em implícita, explícita e operacional. A primeira é a memória dos hábitos, procedimentos e regras, que não precisam ser descritas com palavras para serem evocadas. A memória explícita costuma ser descrita com palavras ou outros símbolos, e consiste em um subtipo chamado episódico (a memória dos fatos que ocorrem ao longo do tempo) e um subtipo chamado semântico (a memória dos conceitos atemporais). A memória operacional é utilizada de forma rápida no raciocínio e no planejamento”, detalha a médica.

Os mecanismos neurais da memória ainda não são completamente conhecidos. As informações transitórias e duradouras são armazenadas em diversas áreas do cérebro, de acordo com a sua função. Dessas regiões elas podem ser mobilizadas como memória operacional pelas áreas pré-frontais do cérebro. Além disso, as memórias explícitas podem ser consolidadas pelo hipocampo e do lobo temporal do cérebro.

Parece complexo, mas há uma série de medidas de estilo de vida que devem ser levados em conta quando se pensa em melhorar a saúde cognitiva.

“Para conseguir memorizar o conteúdo de forma eficaz para processos avaliativos, é importante saber que aquilo que é bem entendido é mais facilmente fixado na memória. Assim, o estudante deve procurar entender o que está estudando e não simplesmente decorar, quando possível. O melhor exercício para treinar a memória continua sendo fazer muita leitura e interpretação do texto lido, para qualquer disciplina”, aponta a Dra. Aline.

Além disso a neurologista explica que jogos como tetris, palavras cruzadas, jogos de aplicativos para treinamento de memória e jogos de recordação de palavras podem ajudar. A atividade física aumenta a secreção de proteínas neuroprotetoras e melhora o desenvolvimento das sinapses cerebrais. Estudos apontam que 15 minutos de atividades de treinamento cerebral com jogos e outras atividades, 5 vezes na semana podem melhorar concentração, memória de trabalho, memória de curto prazo e resolução de problemas comparado com pessoas que não se dedicaram a essa atividade nenhuma vez na semana.

O estudante deve se atentar que, para o cérebro manter boa saúde e para que os processos cerebrais ocorram de maneira fisiológica e eficaz, ele deve ter boas noites de descanso, com ao menos 7 a 9 horas de sono, deve praticar atividade física ao menos três vezes por semana, tomar bastante água, e manter uma alimentação saudável, com muitos vegetais. Mudanças simples nos hábitos diários constituem o primeiro passo para trabalhar a memória e torná-la mais eficaz.

A prática de meditação também pode ser benéfica, já que reduz o estresse, controla a pressão arterial e ajuda a melhorar a memória de curto prazo e viso espacial.

Fatores e Hábitos que podem encurtar a memória

Assim como para manter a saúde física, o uso de bebidas alcoólicas, cigarro e quaisquer espécie de drogas ilícitas são agravantes para manter a saúde mental, pois atuam atrapalhando a integridade dos processos consolidativos de memória.

 

Outra dica é evitar rotina desregrada, com variações muito grandes nos horários de refeições e de sono. Excesso de doces e obesidade contribuem para um estado pro-inflamatório do organismo que atrapalha os processos consolidativos de memória.

Como ativar a memória de longo prazo

Os segredos para melhorar a retenção das informações a longo prazo são:

Repetição. Quanto mais repetimos um mesmo conteúdo, uma mesma leitura ou uma forma de resolução de problemas matemáticos, mais fácil será lembrarmos em um momento futuro;

Conteúdos em diferentes formatos. O estudo de um mesmo conteúdo, explorado por meio diverso como escrito, visual (vídeo-aula), e auditiva (áudio) também aumenta essa chance de consolidação e retenção.

Comparação. Relacionar ou comparar a nova informação com fatos ou conteúdos já bem fixados e aprendidos.

Associações emocionais. Fazer a ligação do material com valor emocional promovem o pareamento das memórias semânticas (fatos) com memórias episódicas das experiências pessoais. Isso permite criar uma conexão emocional com o conteúdo permitindo melhora da retenção de longo prazo.