Estar cansada é um ótimo começo de revolução

Por Cris Linnares

A palavra “revolução” tem a sua origem no latim “revolutio”, que significa o ato de dar voltas. Sim! Tem um momento em nossas vidas que precisamos recomeçar e dar a volta por cima.

Como psicóloga, palestrante e terapeuta de mulheres, eu tive a oportunidade de trabalhar nas últimas duas décadas com mulheres de vários países, principalmente no Brasil e nos Estados Unidos. Fui terapeuta de empresárias bem sucedidas, mas que choravam em meu consultório, carentes de um abraço. Trabalhei com mulheres inteligentíssimas, mas que não conseguiam se comunicar com seus próprios parceiros e filhos.

Elas precisavam de uma revolução em suas vidas, mas essa mudança não começou quando elas estavam se sentindo poderosas, com autoestima elevada e com a vida ótima, mas sim quando estavam cansadas. O cansaço não se trata apenas de uma sensação ou sentimento. Quando colocado nas mãos de uma mulher, se torna um elemento fundamental que pode revolucionar não apenas uma vida, mas a história de muitas. A Lei Maria da Penha que ajuda mulheres no Brasil todo, por exemplo, surgiu de uma mulher que estava cansada de sofrer agressões do parceiro. Assim, em 7 de agosto de 2006, após uma extensa batalha e militância, a lei n.º 11.340 alterou o Código Penal brasileiro, garantindo mais proteção às mulheres contra qualquer tipo de violência doméstica.

Nos Estados Unidos, o cansaço de outra mulher foi um marco no movimento antirracista. A costureira norte-americana Rosa Parks se cansou de sempre ter que ceder seu lugar no ônibus para as pessoas brancas na época da segregação racial e, um dia, se recusou a ceder o seu assento a um homem branco. Esse ato se tornou o estopim do movimento marcou o início da luta antissegregacionista estadunidense.

E você, também está cansada de ceder? Ceder a sua grandeza e continuar se diminuindo? Está cansada de ceder seus sonhos e continuar vivendo um pesadelo? As histórias de Maria de Penha e Rosa Parks – e de tantas outras mulheres – nos ensinam a não subestimar o poder do cansaço na mobilização dos nossos afetos revolucionários.

Quando reconhecemos o cansaço, uma coragem imensurável começa a despertar dentro de nós e é essa coragem que precisamos para nos libertar e nos fazer perceber que se queremos escrever a história que está nos esperando. Eu não sei qual o momento da sua vida você está passando agora, mas caso você esteja cansada, seja em qualquer área, você está no início do seu recomeço. Seja bem-vinda à sua #CrazyRevolução.