A convite da Galeries Lafayette, a artista sul-coreana Kimsooja imprime, a partir de 14 de abril, uma nova iluminação à arquitetura centenária da tradicional loja de departamentos parisiense. Com o projeto To Breathe, a artista, que representou seu país na 24ª Bienal de São Paulo (1998), irá cobrir a famosa cúpula de vidro do edifício do Boulevard Haussmann com um filme especial de difração da luz natural em todas as cores do arco-íris. Kimsooja transforma superfícies externas da cúpula e espaços internos em multicoloridos espectros que mudam ao longo do dia.
Para esta instalação (a primeira em Paris nesta escala), a artista Kimsooja explora os aspectos sensoriais do edifício, focando a atenção dos visitantes na luz para criar um ambiente propício à contemplação. Centrada em torno da histórica cúpula de vidro da loja, a instalação cria um diálogo inédito com este icônico elemento do patrimônio arquitetônico da Galeries Lafayette. Quando foi construída, em 1912, a cúpula inundou o interior da loja com uma infinidade de tons graças aos vitrais desenhados por Jacques Grüber, posteriormente removidos e substituídos por vidro branco. Ao trazer de volta a luz colorida de forma inteligente ao coração deste histórico edifício art nouveau, Kimsooja presta uma homenagem poética ao projeto original.
Kimsooja concebeu To Breathe pela primeira vez em 2006, quando transformou conceitualmente o bottari, pacote coreano embrulhado em tecido, em uma forma arquitetônica. Usando filme de difração, ela envolve espaços inteiros para sublimar sua arquitetura e revelar suas histórias por feixes de luz. Uma obra em movimento, To Breathe reage ao ambiente natural, aproveitando a forma como a luz muda ao longo do tempo, de acordo com o clima e à medida que o sol se move pelo céu. Quando os raios de luz passam por ele, o filme de difração cria espectros de arco-íris efêmeros que mudam à medida em que as pessoas se movem pelo espaço.
Sonhando com um “bazar de luxo” onde os raios do sol brilham através de um telhado abobadado, banhando o grande salão em uma luz dourada e iluminando as prateleiras e vitrines, o fundador da Galeries Lafayette, Théophile Bader, convidou artistas renomados da época para criar esta joia arquitetônica.
Projetada pelo arquiteto Ferdinand Chanut, a cúpula injeta movimento na luz do dia ao entrar no prédio. Muitas vezes descrito como neo-bizantino, o decorativo trabalho na cúpula reflete a influência do orientalismo, em moda na época. Isso é perceptível nos elementos dourados e na ricamente esculpida ferragem de Edouard Schenck, que irradia como raios de sol para emoldurar os vitrais que permitem a passagem de uma luz quente e colorida.
A instalação To Breathe pode ser visitada até 30 de junho. Perceptível em toda a loja, tem seus melhores ângulos de observação no oitavo andar e nos terraços do quinto andar (bem sob a cúpula).