Com periodicidade semanal, era editada pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand
Lançada no Rio de Janeiro, em 10 de novembro de 1928, por Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, O Cruzeiro foi a principal revista ilustrada brasileira. Circulando semanalmente em todo o território nacional, foi uma das primeiras a integrar os Diários Associados, rede pioneira de comunicação brasileira que, em seu auge, reuniu 36 jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras de televisão, dentre as quais, a TV Tupi. Teve seu lançamento sob o slogan “Compre amanhã O Cruzeiro, a revista contemporânea dos arranha-céus”, prometendo uma linha editorial moderna.
Carlos Malheiros Dias foi seu diretor no período de 1928 a 1933, sendo sucedido por Antonio Accioly Neto e depois por José Amádio que, em 1960, imprimiu um novo design editorial que ficou conhecido como “bossa nova”. As paginações da nova estética eram a favor do mínimo, gerando opiniões diversas. Logo, O Cruzeiro estabeleceu uma nova linguagem na imprensa brasileira: inovações gráficas, publicação de grandes reportagens, ênfase no fotojornalismo, além de ter fortalecido a parceria com as duplas repórter-fotógrafo.
Financiada principalmente por publicidade, apesar de ter a opção de assinatura pelos leitores, foi inspirada na revista norte-americana Life, tinha a pretensão de ser moderna. Com conteúdo variado e seções voltadas para o público feminino, O Cruzeiro contava fatos sobre a vida dos astros de Hollywood, cinema, esportes e saúde, além de ter seções de charges, política, culinária e moda.
A reportagem de Mario de Moraes e Ubiratan de Lemos intitulada “Uma tragédia brasileira – os paus-de-arara”, publicada em outubro de 1955 na revista, foi o primeiro trabalho jornalístico homenageado pelo prêmio Esso de jornalismo.
A decadência de O Cruzeiro começou com a brusca queda na venda de exemplares que passou de 710 mil cópias para 400 mil durante toda a década de 1960. Seu fim também foi impulsionado com o surgimento de novas publicações, como as revistas Manchete e Fatos & Fotos, com controle da mídia impressa pelas editoras Abril e Bloch e também com o fortalecimento da televisão. Mergulhada em dívidas, junto com outros veículos do Diário dos Associados, foi a falência em 1975.
Hoje, exemplares da revista podem ser encontrados no Centro de Memória Bunge, referência na área de preservação da memória empresarial brasileira. Os documentos estão disponíveis para consulta e visitação, após o fim do isolamento, mediante agendamento. O local possui um acervo com mais de 1,5 milhão itens que contam mais de um século de história da indústria brasileira.