Brasileiras ainda desconhecem fatores de risco e sinais de tumores que podem afetar o colo de útero, ovário, vagina, vulva e endométrio
A apresentadora Fátima Bernardes, em seu retorno à TV após a cirurgia para retirada de um câncer no endométrio, ressaltou a importância de uma rotina de controles periódicos da saúde e olhar atento de sua ginecologista na detecção do tumor ainda em fase inicial. Emocionada, após ouvir os relatos de outras sobreviventes da doença, ela relatou: “Eu realmente me cuido, mas também tive muita sorte do olhar atento da minha médica, porque eu não tinha nenhum sintoma além do leve espessamento do endométrio. Vale a pena você investir e lutar pra ficar viva”, destacou.
O alerta da jornalista é especialmente importante por que ainda há muita desinformação sobre o conjunto de tumores malignos que podem afetar não apenas o útero como outras partes que compõem o aparelho reprodutivo, como ovário, vagina e vulva. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), os cânceres ginecológicos são responsáveis por 19% dos diagnósticos da condição no mundo a cada ano. Apesar da aumentada incidência, poucos conhecem – e previnem – esses tipos de tumores femininos ligados ao colo de útero, ovário, vagina, vulva e endométrio.
“O diagnóstico precoce pode salvar vidas, mas muitas mulheres ainda vêem esse assunto como um tabu e por isso acabam não levando suas queixas para os consultórios”, explica Michelle Samora, oncologista do CPO Oncoclínicas.
Para a especialista, a falta de conhecimento faz com que sinais iniciais da doença sejam ignorados, contribuindo para identificação tardia do câncer em órgãos femininos.
Abaixo a médica destaca algumas informações essenciais sobre os diferentes cânceres ginecológicos:
Fique atenta aos sinais
Os sintomas do câncer de ovário são discretos e demoram a se manifestar. Por isso, na maioria dos casos, é diagnosticado tardiamente, quando a doença já se espalhou pelo aparelho reprodutor, dificultando o tratamento. Quando aparentes, pode ocorrer um aumento do volume abdominal, aumento na vontade de urinar, alterações no ciclo menstrual, dor durante a relação sexual, entre outros. Muitos sintomas, quando aparentes, são parecidos com os desconfortos do dia a dia da mulher e, na maioria dos casos, são deixados de lado. Caso perceba qualquer alteração, é recomendado que a mulher procure um especialista.
Mioma e o anticoncepcional
Também ao contrário do que muitas mulheres imaginam, o mioma não é maligno e o uso de contraceptivos é benéfico à saúde do útero. O mioma é um tumor benigno que pode surgir no útero e não aumenta o risco de câncer. Além disso, o uso de anticoncepcional diminui o risco deste tipo de câncer. Aliás, o que diminui o risco de câncer de endométrio são dieta e exercícios físicos, uso de anticoncepcional e amamentação.
Hereditariedade
Apenas 10% dos tumores ovarianos são decorrentes da predisposição genética hereditára – causados por uma mutação em certos genes, herdada de pai ou mãe, que pode aumentar o risco de surgimento do tumor. Em situações especiais, quando avó e mãe apresentaram tumores de ovário é possível realizar exames específicos de análise genética. Caso seja comprovado a suspeita, é possível indicar medidas como a cirurgia preventiva de retirada dos ovários, mas, ainda assim, esta é uma decisão que deve ser tomada de forma conjunta por paciente e médico.
Vacina do HPV e preservativo como forma de proteção
O HPV é o principal fator relacionado ao câncer do colo uterino, de vagina e de vulva. Quando tomamos conhecimento do agente causador do câncer do colo de útero, os dados são alarmantes, pois 90% das mulheres acometidas com câncer de colo do útero têm o vírus.
Tipos de câncer de útero
Muitas mulheres desconhecem que existem dois tipos de câncer que podem surgir no útero: o de endométrio (camada interna do útero) e o de colo de útero (porção mais inferior do útero). Apesar de surgirem no mesmo órgão, são tumores totalmente diferentes. O câncer de colo de útero está muito relacionado à infecção por HPV, já o câncer de endométrio tem relação com hormônio feminino. O diagnóstico preciso é feito através da biópsia.