Segundo dados do Ministério da Saúde, a obesidade atinge mais de 6,7 milhões de pessoas no Brasil e as consequências da enfermidade para a saúde do coração podem ser alarmantes: a obesidade causa certos fatores de risco, como diabetes, hipertensão ou alterações no colesterol, que eventualmente conduzem a doenças cardiovasculares graves. O Dr. Francisco Lopez Jimenez diretor de Cardiologia Preventiva da Mayo Clinic , esclareceu algumas dúvidas sobre o assunto. Confira alguns mitos e verdades sobre a relação entre a obesidade e o aparecimento de doenças cardiovasculares:
É mais difícil diagnosticar doenças cardiovasculares em pessoas obesas
Verdade. Um paciente com obesidade para receber adequadamente o diagnóstico de doença cardiovascular enfrenta mais dificuldade que pacientes não obesos. A obesidade faz com que praticamente todos os exames que temos em cardiologia sejam afetados, ou seja, a capacidade dos exames para diagnosticar doenças cardiovasculares quando o paciente tem obesidade já não é tão exata, tanto que a presença de obesidade faz com que as provas diagnósticas saiam falsamente negativas.
O paciente pode ter problema cardíaco, mas porque tem obesidade o resultado pode sair como dentro da normalidade e isso acontece, pois há um panículo adiposo, entre a superfície da pele e o coração, se ele é muito grosso, como acontece em muitos casos de paciente obesos, ele pode impedir a leitura correta dos dados de um eletrocardiograma, de um ecocardiograma, de uma ressonância magnética ou de uma tomografia, então muitos diagnósticos cardiovasculares escapam.
Além disso, pessoas com obesidade vão ter mais probabilidade de ter sintomas que normalmente chamam a atenção também para a possibilidade enfermidades cardíacas, por exemplo, falta de ar, palpitações, sensação de desmaio, e também sentir dor nas pernas ao caminhar, sintomas que podem ser também sinais de outras doenças cardíacas. Então, o clínico tem que saber, com certa experiência, em que momento esses sintomas já estão além do que seria normal para um paciente obeso.
É possível não ter sobrepeso e sofrer as consequências da obesidade
Verdade. Sim, é possível pessoas sem sobrepeso terem um alto índice de gordura corporal e isso gerar consequências à saúde cardíaca. Isso acontece quando o índice de massa corporal é normal (IMC), mas a pessoa tem percentagem alta de gordura acumulada e a única maneira de saber isso é medindo a gordura corporal.
Se uma mulher tem mais de 35% de gordura corporal, ou homem tem mais de 25% de gordura, mesmo que o índice de massa corporal seja normal, essa pessoa está em perigo, de todos os problemas que a obesidade causa. Essa combinação pode oferecer riscos à saúde cardíaca, pois significa a presença de muita gordura abdominal e muito pouco músculo.
Pessoas obesas com problemas cardíacos não podem fazer cirurgia bariátrica
Mito. É preciso analisar caso a caso, mas em geral, a maioria dos pacientes não tem uma contraindicação absoluta somente por ter uma enfermidade cardíaca. No entanto, essa enfermidade tem que estar bem controlada, sem estar na fase ativa. Por exemplo, se o paciente tem insuficiência cardíaca, mas esta condição está bem controlada, o paciente pode realizar a cirurgia. Se o paciente acabou de estar no hospital porque teve um quadro de exacerbação da insuficiência, a cirurgia é contraindicada até que isso esteja bem controlado.
Muitas vezes pacientes com enfermidades coronarianas estão tomando anticoagulantes ou medicamentos que fazem o sangue ficar muito fino . Então, normalmente, espera-se que não precisem desses medicamentos para que se faça a cirurgia. Pacientes com problemas valvulares, se é um problema muito avançado, há certas cirurgias que estão contra indicadas. Mas no geral, se o paciente pode fazer outra cirurgia abdominal, é muito provável que ele também possa ter cirurgia bariátrica.