O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão.1 A doença exige cuidados e precisa de acompanhamento de especialista. O Dr. Morton Scheinberg, pesquisador em doenças autoimunes, PhD (Universidade de Boston/EUA), livre-docente em imunologia (USP), e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e do núcleo de doenças autoimunes, esclarece os principais mitos e verdades sobre a enfermidade.
A incidência de Lúpus é maior em mulheres?
Verdade – A doença ainda continua a ser uma das enfermidades crônicas mais frequentes nas mulheres em idade reprodutiva; sendo também a doença dez vezes mais frequente no sexo feminino.2,3
O paciente com Lúpus não pode ser vacinado contra a Covid-19?
Mito – Segundo Dr. Scheinberg, o quadro de Covid-19 em portadores de doença autoimune tem sido muito variável. Alguns estudos, com número elevado de pacientes, dão conta de que não há muita diferença no quadro clínico de um paciente com e sem doença autoimune que desenvolve a forma mais grave da Covid-19. Os estudos que avaliaram a eficácia das vacinas excluíram os pacientes portadores de doenças autoimunes, mas os benefícios para seguir com a vacina é melhor nestes casos do que não tomar. Não há relatos de eventos adversos graves nesse grupo de pacientes que tomaram a vacina. Mas o ideal é que o paciente se informe com o médico que o acompanha.4,5
O sol é um dos gatilhos do Lúpus?
Verdade – Há sempre um gatilho que deflagra o Lúpus. Quando ambiental, ele costuma ser a exposição a luz solar. E o sol é o principal fator. Por isso, é sempre recomendada a fotoproteção.6
O Lúpus tem cura?
Mito – Até o momento, o Lúpus não tem causa ou cura conhecida. O diagnóstico e o tratamento precoces são a chave para um melhor resultado de saúde e geralmente podem diminuir a progressão e a gravidade da doença.1 Mas, o prognóstico mudou e melhorou muito nas últimas duas décadas quando comparado com as respectivas décadas anteriores.
O tratamento com imunobiológicos tem boa eficácia?
Verdade – Os tratamentos com imunobiológicos têm se mostrado eficazes para pacientes que sofrem com Lúpus com ou sem comprometimento do rim, a Nefrite Lúpica (NL). Inclusive, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou neste ano a primeira terapia biológica para o tratamento da NL ativa em pacientes adultos.7 A aprovação foi baseada nos resultados do estudo BLISS-LN, que apresentou informações sobre a resposta renal de eficácia primária no período de 104 semanas.
No total, participaram 448 voluntários e 107 centros de pesquisa, sendo nove deles brasileiros ⁹. Os resultados evidenciaram que pacientes tratados com terapia biológica, associada à terapia padrão, tiveram 55% mais chances de atingirem a esta resposta, quando comparados ao grupo placebo mais a terapia padrão, além da probabilidade de 46% de manter a resposta renal até a semana 104.8