VP da América do Sul da The LYCRA Company, Adriana Morasco, analisa os desafios do setor. Alta demanda chinesa e problemas na logística internacional desestimulam compra de importados e produtos feitos no Brasil ganham espaço para atender a demanda local. Isolamento também acentuou a busca por produtos mais sustentáveis e de maior qualidade.
A pandemia da covid-19 trouxe várias mudanças no comportamento da sociedade e na economia. Com o setor de moda não está sendo diferente. Depois de um ano de quedas na produção e nas vendas, o setor de vestuário têxtil deve ter um ano positivo em 2021. Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam que o volume nominal da produção deve atingir R$ 152,1 bilhões, alta de 24,3% sobre o resultado de 2020 (R$ 123,3 bilhões) e também um pouco superior ao apurado em 2019 (R$ 152 bilhões).
Além dessa recuperação, há mudanças ocorrendo em outros aspectos. Segundo a Vice-Presidente da América do Sul da The LYCRA Company, Adriana Morasco, está acontecendo uma modificação importante no setor. “Em função de o mercado chinês estar aquecido e da diminuição de oferta de navios na rota, que fez quadruplicar o frete internacional desde setembro do ano passado, os lojistas que compravam peças prontas da China estão optando pelos fornecedores nacionais. Por isso, há uma demanda maior por fios, tecidos e roupas feitas no Brasil. Porém, o aumento de preços das matérias-primas em vários setores da economia tem causado turbulências no mercado também.”
O aumento da demanda interna é sentido nos volumes da fabricante de soluções em fios e tecnologia e primeiro elo da cadeia, que encerrou 2020 com excelentes níveis de produção na região e no mundo e ainda sentindo o aquecimento em 2021. “A retomada do consumo foi rápida e estamos trabalhando a todo vapor desde final de Setembro para garantir o abastecimento do mercado. Neste ano, a produção está mais que full e fizemos contratação de pessoas. Estamos inclusive importando produtos para abastecer o mercado local. Ainda não é possível avaliar por quanto tempo teremos essa forte demanda para recuperação dos estoques de toda a cadeia”, detalha.
Mesmo com a pandemia, em 2020, a empresa não cancelou os investimentos previstos nas linhas de produção, desenvolvimento de produtos e em pessoas na unidade brasileira, localizada em Paulínia (SP).
Smart fashion e sustentabilidade
Outra mudança, segundo Adriana, é a alta demanda por produtos com mais qualidade. “A busca por roupas com a etiqueta LYCRA® vem aumentando mês a mês em função da qualidade e conforto que LYCRA® confere às roupas. Durabilidade está diretamente ligada à sustentabilidade e essa e nossa forma de contribuir para o smart fashion”, complementa.
Segundo a executiva, nesta retomada ficou evidente que os consumidores estão mais conscientes. “A pandemia acelerou um processo que já vinha acontecendo. O lançamento do fio LYCRA® Ecomade, o primeiro fio da empresa fabricado com 20% de material reciclado foi um sucesso e já esta disponível ao consumidor”.
Além disso, em janeiro, a The LYCRA Company obteve os Certificados de Saúde de Material no Nível Ouro do Cradle to Cradle Products Innovation Institute, o que reforça o compromisso da empresa com a transparência, sustentabilidade e segurança. Válido por dois anos, o certificado ajuda os fabricantes a afirmarem a transparência na matéria-prima utilizada em seus produtos e em toda cadeia de abastecimento, substituindo produtos químicos de risco por mais seguros e adotando uma química cada vez mais verde.
Em pesquisa encomendada pela Abit, em relação às mudanças de valores pós-pandemia, foi verificado que o consumo está mais consciente. Segundo o levantamento com 402 consumidores, 55% dos entrevistados acreditam que passarão a valorizar mais marcas e produtos que sejam realmente sustentáveis.
Adriana cita também a tecnologia BLACK da marca LYCRA®, o primeiro elastano verdadeiramente preto da indústria, que conserva a integridade da cor e evita transparência. “Grandes lojas de departamentos já estão usando essa tecnologia e levando ao consumidor brasileiro um produto de altíssima qualidade e sustentável, já que há economia de água no processo de tingimento dessas peças que já usam esse fio na composição”, detalha a executiva, ao acrescentar que Paulínia esta preparada para a produção dessas novas tecnologias.
A executiva lembra que a empresa anunciou recentemente o fio LYCRA® Anti-Slip, que resolve o problema de fuga do elastano no tecido. “Esse é um problema recorrente para os fabricantes de tecidos/denim. Essa inovação foi especialmente desenvolvida para auxiliá-los a terem melhor rendimento e aproveitamento de produto, garantido mais qualidade ao consumidor final”. Esse fio possui estrutura de filamento especial e composição química patenteada, que provê maior aderência e força de fricção. Com isso, tem excelente stretch, recuperação e retenção de forma, ajudando a manter a aparência mesmo após várias lavagens.
“Hoje o consumidor é mais consciente e quer produtos confortáveis, com qualidade e que sejam mais sustentáveis. Estamos inovando constantemente para nos antecipar a essas demandas que foram acentuadas com a pandemia”, conclui a executiva.