Cerca de 20% da população mundial sofre com o ruído do zumbido, também conhecido como tinnitus ou acúfenos, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). No Brasil, são cerca de 28 milhões de pessoas com o problema, caracterizado pela audição de um som constante ou que vai e volta, sem ter nenhuma relação de causa e efeito com o ambiente.
Na avaliação da otorrinolaringologia do Hospital Paulista Dra. Bruna Assis, o distúrbio se instala quando as vias auditivas passam a enviar impulsos mesmo sem haver uma fonte gerando o som. “O grande obstáculo para o tratamento do zumbido é descobrir o que leva a essa emissão indiscriminada de impulsos, já que o zumbido em si não é uma doença, mas sim um sintoma, um sinal de alerta para a deficiência auditiva”, explica a especialista.
Em 2006, foi criada a campanha Novembro Laranja para conscientizar a população sobre a importância de se atentar ao problema. Conforme a médica, as causas do zumbido podem estar relacionadas as mais diversas naturezas e afetar pessoas de todas as idades.
“Se engana quem pensa que o zumbido acomete somente a população idosa. Ainda que seja mais comum em pessoas acima dos 65 anos, os jovens também podem apresentar o sintoma, especialmente quando fazem uso exagerado e constante de fones de ouvido em volume inadequado. Ainda sem explicação, o problema acomete mais o sexo feminino”, destaca Dra. Bruna.
De acordo com a especialista, o zumbido pode derivar de uma doença otológica, como a perda auditiva induzida por ruído ou a presbiacusia (relacionada à idade), mas também pode surgir a partir de problemas farmacológicos e vasculares, cardiovasculares (anemia), metabólicos (diabetes e alteração na glândula tireoide), neurológicos e odontogênicos (disfunção na articulação da mandíbula e nos músculos ao redor).
Para uma melhor identificação, os hábitos do paciente são avaliados pelos médicos, pois podem influenciar na ocorrência e no agravamento do sintoma. “O estresse e o consumo excessivo de cafeína, cigarro ou álcool, por exemplo, podem ser determinantes para a manifestação do zumbido, em alguns casos. Excesso de cera, infecções e lesões do ouvido também são causas possíveis para o problema”, reitera Dra. Bruna.
Conforme estudo da American Public Health Agency, o zumbido é o terceiro sintoma que mais causa incômodo, perdendo apenas para dores e tonturas intensas. Além disso, ele pode ser classificado como apito, chiado e “barulho de cigarra” e ainda categorizado como objetivos e subjetivos. O primeiro é criado a partir do fluxo de sangue, emissões espontâneas ou até contração musculares, enquanto o segundo não pode ser mensurado externamente.
Acufenometria
O exame específico recomendado pelos especialistas para esse tipo de problema é a acufenometria, que consiste na emissão de sons com determinadas frequências até o paciente identificar um som semelhante ao zumbido que o incomoda. O exame é realizado a partir da avaliação de um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, com o audiômetro, aparelho que e emite os sons durante o procedimento.
O teste, que é realizado pelo Hospital Paulista em seu Centro de Medicina Diagnóstica em Otorrino, o procedimento não requer internação ou anestesia e pode ser feito em pacientes jovens e idosos, a partir da recomendação e acompanhamento médico.
Existem várias formas de tratamento para o zumbido, que sempre deverá ser um tratamento personalizado, ou seja, direcionado às causas identificadas. O correto é fazer um acompanhamento junto a um profissional fonoaudiólogo e um médico otorrinolaringologista, que poderão indicar a melhor forma de tratamento, tais como mudanças alimentares, medicamentos, terapias sonoras, adaptação de aparelhos auditivos.
O fonoaudiólogo é responsável por avaliar, acompanhar, tratar ou adaptar o aparelho auditivo para minimizar ao máximo os ruídos e dar mais conforto ao paciente. Já o otorrino promoverá um tratamento intensivo com medicações e também recomendará ou não a utilização de um aparelho auditivo.