*Por Aleff Amorim
O mundo está atônito. Depois de 20 anos, o Afeganistão volta a viver uma tragédia política e social com a retomada do regime Talibã no país. Acompanhamos cenas terríveis de desespero e angústia no aeroporto com uma multidão tentando fugir do terror de um governo opressor.
Vamos dar um passo atrás e entender o contexto. O Talibã, que em pachto significa estudantes, é um movimento fundamentalista e nacionalista islâmico que se propagou no Paquistão e, fortemente, no Afeganistão, a partir de 1994 e governou uma boa parte do Afeganistão entre anos de 1996 e 2001.
Ao analisar mais profundamente o que o Talibã professa, podemos entender que se trata de uma interpretação ilegítima e desequilibrada do Alcorão. Eliminam o direito das crianças e mulheres, torturam e matam os que se opõem a eles. Em seu último governo, na década de 1990, as mulheres não podiam trabalhar nem estudar, eram obrigadas a ficarem confinadas em casa, além da obrigatoriedade do uso da burca (vestimenta que só deixa os olhos à mostra) e os homens não podiam tirar a barba. Muitos dos que os contrariavam eram açoitados e executados publicamente.
Isso se repetiu também no ocidente. Um exemplo foi a “Santa Inquisição”, nome dado a autoridades eclesiásticas que colocavam a responsabilidade das torturas e atrocidades “em nome de Deus”, lutando contra o que se opunha a eles e sua interpretação incoerente das Escrituras.
É possível, então, viver uma fé equilibrada em sociedade? Sim, essa harmonia é encontrada quando o que fazemos não machuca os outros e a criação de Deus, mas pelo contrário a fortalece e impulsiona. No exato momento que a nossa fé machuca o próximo, precisamos repensar e refletir.
Muito se faz em nome de Deus, quando muitas vezes o próprio não está participando disso. O amor precisa ser a ênfase de nossa interpretação, partindo disso, teremos uma leitura coerente e saudável do que professamos. O efeito desta atitude, de viver longe dos extremos, será praticar o bem, para o outro, para nós e para a humanidade.