Felino receberá colar de monitoramento para que seja acompanhado o retorno e evolução junto a natureza.
Por Karine Dias
Apelidada carinhosamente como “Onça Joujou”, após dois meses e meio sendo cuidada em Campo Grande pela equipe técnica do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres – Cras, do Imasul, a onça resgatada com queimaduras nas patas pela equipe do Instituto Homem Pantaneiro – IHP, GRETAP e veterinários da Ampara Silvestre, será devolvida em seu habitat, mais precisamente na Serra do Amolar – Pantanal, RPPN Acurizal, no próximo dia 21 de janeiro.
Conforme informações do CRAS, o felino está pesando 87 quilos e todas as queimaduras foram cicatrizadas. Com aproximadamente dois anos de idade, a onça é um macho e foi encontrada em companhia de outra, porém a segunda não sobreviveu.
“Nossa equipe de veterinários do CRAS cuidou deste animal logo após a captura, até que ele estivesse apto a ser devolvido à natureza, com segurança, cumprindo assim nossa missão”, disse a diretora-presidente do Imasul, em exercício, Thais Caramori.
“Lembramos que a captura das onças no Pantanal contou o apoio de diversas instituições, a quem agradecemos, já que não temos como fazer todo o trabalho sozinhos”, completa. “Veterinários da Cavalaria da Polícia Militar e professores de universidades também foram fundamentais no tratamento adequado dado ao animal”.
Onça sobrevivente receberá um colar de monitoramento
Antes de ser solta, a onça receberá um colar com sinal GPS e VHF. Conforme explica o médico veterinário do IHP, Diego Viana, e coordenador do projeto Felinos Pantaneiros, com o colar a equipe do Instituto irá monitorar a eficácia da reintrodução do animal na Serra, a partir de análises do padrão de movimentação do animal. “Será a primeira vez que um processo completo de resgate em situações de incêndios, tratamento e soltura, será monitorado dessa maneira no Estado, o que colocará Mato Grosso do Sul como referência para a ciência e conservação no Brasil e no Mundo”, pontua.
O projeto Felinos Pantaneiros na Serra do Amolar, monitora desde 2016 aspectos ecológicos das onças-pintadas e pardas na região. Tanto a onça-pintada (Panthera onca), como a onça-parda (Panthera onca),), são animais da lista vermelha de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Já a Serra do Amolar, foi classificada como área prioritária para a conservação da onça-pintada e faz parte da Jaguar Conservation Unit (JCU) 18, representando como habitat propício para a espécie.
Segundo o diretor do IHP, coronel Ângelo Rabelo, este momento de soltura da onça vai além da ação em si. “Apesar da forma perversa com que o fogo atingiu as áreas em 2020, conseguimos mostrar para o mundo que estamos comprometidos 100% com a missão da instituição, que é de preservar e recuperar o Pantanal, sempre com respeito a história e a cultura local. Inclusive a cultura dos animais”, conclui.
Além do IMASUL, IHP, GRETAP, UCDB e Ampara Silvestre, este processo contou com o apoio do CENAP/ICMBIO e diversos outros parceiros diretos e indiretos que foram cruciais para que escrevêssemos essa importante página na história da conservação no Pantanal.