Prioridades para um novo ano

*Elaine Ribeiro

Num 2020 marcado por incertezas, medo, dor, luto, tivemos ao mesmo tempo movimentos por mudança, adaptação, transformação. Nunca se falou tanto em palavras como inovação, resiliência, capacidade de reinventar, repensar o “novo normal”, que na verdade, não é nada normal, uma vez que retirou as possibilidades de uma vida sem restrições.

Pensar num novo ano, sempre traz consigo o desejo de uma revisão do ano que passou, daquilo que foi vivido e daquilo que necessita ser revisto. A exigência de planejar um ano novo não deve conter a obrigatoriedade de um excesso de metas, bem como não deve negligenciar a vivência do sofrimento neste ano, até para que não vivamos um falso positivismo e uma obrigatoriedade de ver o lado bom de um ano difícil.

Cada um de nós vive esta dimensão de uma forma própria, bem como vive suas perdas e sua adaptação de formas diferentes. Quando pensamos em prioridades ou metas, sempre é válido fazer uma revisão de vida, começando por aquilo que planejamos e não conseguimos concretizar e, depois, avaliando se o nosso planejamento não envolveu metas grandes demais, fato que muitas vezes acontece, causando frustrações.

Nesse sentido, reunimos aqui 10 dicas importantes:

Faça uma revisão de vida: o que deu certo no ano passado? Quais metas estabelecidas não foram cumpridas? O que impediu? Caso você seja muito autocrítico, aproveite para avaliar aquilo que está totalmente fora do seu controle, mas que, efetivamente, pode ter prejudicado sua execução.

Coloque metas reais: Muitas vezes, optamos por metas grandes demais. Por exemplo, perder 20 quilos em 2 meses, meta típica do começo do ano, e parece quase impossível ou requer práticas pouco saudáveis. Ajuste sua meta para aquilo que é possível e realizável, sem se colocar em risco.

Organize-se: aquele monte de roupas para doar ou consertar, aquela agenda que vive fora de lugar, aquela visita que nunca sai dos planos, aquelas contas que vivem atrasadas, o consumismo fora de padrão. Esses são alguns exemplos de coisas que precisamos organizar e fazer acontecer. A organização ajuda e muito a otimização do nosso tempo.

Use melhor o tempo: use agenda, marque seus compromissos, estabeleça alguns horários. Quando temos ideia do uso do tempo, sabemos onde aplicar nossos esforços. E o mais importante: cumpra seus horários para que seu dia seja melhor aproveitado e sua energia também.

Reveja seus hábitos: como tenho conduzido minha vida? Quais hábitos preciso adquirir e quais preciso abandonar? Quais costumes são nocivos? Mudanças exigem sacrifícios, trocas, exclusões.

Cuide de sua saúde: como viver bem cuidando da sua saúde e alimentação? Como anda seu horário de dormir e acordar? Tem feito exames periódicos? Tem cuidado do seu corpo? Quais ajustes precisa fazer? Como está sua saúde mental? Além do corpo, precisamos cuidar da nossa alma, daquilo que sustenta nosso corpo. Leitura, amigos, hábitos, o que temos feito efetivamente?

Tenha prioridades: é essencial que possamos estabelecer prioridades para nossa vida e que elas sejam executáveis, pois, se pensamos em 200 coisas ao mesmo tempo, muito provavelmente deixaremos algo para trás, ou ainda, haverá uma frustração quase certa.

Organize seus dias de descanso: assim como o trabalho é importante em nossa vida, também é importante termos pausas periódicas para descanso. Coisas simples mas que nos tirem da rotina já aliviam demais!

Toda meta precisa de um prazo: tudo aquilo que fica solto demais, tende a não ser realizado. Então, coloque prazos para aquilo que deseja cumprir. Quando temos uma data prevista, temos condição de revisar e, se necessário, repensar e retomar.

Escreva suas metas e comprometa-se com elas: deixe de lado aquela meta “desejo ser uma pessoa melhor”, “quero viver melhor em 2021”. Isso é extremamente vago. Deseja ser melhor em que? Quer viver diferente como? Troque frases soltas por: quero ler 2 livros por mês (ou seja, você definiu o que, quanto, de que forma). Quero viver melhor com meu marido melhorando meu diálogo com ele (definiu de forma clara o que precisa e como fazer).

Um novo ano renova nossa esperança, reaviva nosso ânimo e nos impulsiona às mudanças. Ousar significa pensar diferente. Para um tempo novo precisaremos de novas posturas e novos hábitos, quebrando costumes e vivendo melhor, dia a dia, pouco a pouco, com metas realizáveis, possíveis e, acima de tudo, que estejam alinhadas com aquilo que acreditamos e necessitamos.

* Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova. Instagram: @elaineribeiro_psicologa / Site: www.elaineribeiropsicologia.com.br