Flávio Santos, à frente da MField, agência especializada em Marketing de Influência, fala sobre como as tendências atuais impulsionam a busca por administradores de redes sociais, principalmente para os participantes de reality shows
Com a estreia da nova temporada do Big Brother Brasil, é fácil notar que mesmo confinados, a produção de conteúdo nas redes sociais dos participantes e a interação com o público é constante, principalmente em plataformas como Twitter e Instagram. Com isso, surge a dúvida: quem são os profissionais por trás da alimentação diária desse conteúdo?
Trata-se dos famosos administradores de redes, que nos últimos anos têm sido uma das principais estratégias para atender a todas as demandas do mercado de quem trabalha com as plataformas digitais (pessoais ou não). Analisando o cenário, o empresário Flávio Santos, atualmente CEO da agência de marketing de influência MField, explica como as tendências atuais têm contribuído para uma crescente procura dos profissionais.
De acordo com o especialista em gerenciamento de contas digitais há mais de 15 anos, por mais que pareça um assunto super recente, a função de ADM já é comum entre a sociedade há um bom tempo. “Um claro exemplo disso são os jogos virtuais onde assumimos o controle de avatares. O The Sims, lançado nos anos 2000, é o que melhor representa a profissão, uma vez que nele, precisamos assumir a identidade de um personagem, sendo responsável por todas as suas ações dentro do jogo, assim como no mundo tridimensional, Second Life”, destaca Flávio.
Esses fenômenos, fizeram com que as crianças da época, hoje adultos, tenham essa rápida percepção de que sempre há um administrador por trás da produção de alguns conteúdos. Além disso, existe ainda uma infinidade de perfis de personagens fictícios assumindo papéis de pessoas reais nas redes sociais, entre eles Hugo Gloss, Nana Rude, Rainha Matos, Gina Indelicada e Irmã Zuleide.
Entretanto, ao administrar a rede social de um participante de reality show, o trabalho tem um peso muito maior. Uma vez que se assume o papel de ADM, é preciso se entregar quase que integralmente à função, para estar alinhado à tudo que está acontecendo no confinamento e para que todo o conteúdo esteja em sintonia às ações do participante, refletindo suas percepções ao que é televisionado da maneira mais fiel possível. “Ter apenas uma pessoa controlando a rede dos participantes não é o suficiente, já que trata-se de uma estratégia de marketing muito forte, e que necessita que o profissional entenda a essência do dono/oficial da conta”, pontua Flávio Santos.
Por vezes, uma importante função do administrador é, acima de tudo, preservar a imagem e a integridade física e mental dos participantes, já que possuem um panorama geral de tudo o que está acontecendo e sendo mostrado dentro e fora do reality.
Essa percepção ficou evidente nas últimas semanas, quando o participante Arcrebiano, da atual edição do BBB, foi um dos indicados ao paredão. Enquanto o modelo estava dividindo o momento com dois dos favoritos da edição, os ADMs de suas redes pediram para que o público não o deixasse continuar no programa, indo na direção contrária a narrativa do brother, que em seu discurso pediu para permanecer na casa.
O gerenciamento de crise também faz parte da atuação diária dos profissionais, por não conseguirem controlar tudo que acontece dentro do programa. Por maiores e mais específicos que sejam os alinhamentos prévios feitos entre participantes e ADMs antes do confinamento, os direcionamentos podem mudar durante as semanas.
Para Ellen Peters, amiga e integrante do time de administradoras das redes da participante Sarah Andrade, cuidar da comunicação da sister não é uma tarefa difícil. “Toda a nossa comunicação foi previamente alinhada com a Sarah e adequada ao que acreditamos que funciona no universo digital, porém sem muitas mudanças, pois a ideia principal que norteia a nossa estratégia é nos mantermos fiéis aos valores, personalidade e visão de mundo que Sarah possui”, destaca Ellen.
Com isso, nota-se que os ADMs são como jogadores remotos, atuando como uma forma de auxílio à elaboração e manutenção da imagem do participante no ambiente virtual, tendo suas ações e interações influência direta na relação com o público. “Ocupar esse cargo impulsiona o crescimento e o poder digital, e tudo indica que a profissão ganhará ainda mais força nos próximos anos. Por mais que não tenhamos um panorama geral do que poderá vir, os profissionais seguem crescendo em alta escala e com forte reconhecimento”, conclui Flávio.