Gratidão. A palavra resume um vídeo gravado pela professora de ballet clássico Regina Maria Arcângelo neste ano aos profissionais do Vera Cruz Hospital após uma notícia estarrecedora há alguns anos: internada no pronto-socorro com dissecção aguda da aorta, ela tinha apenas 5% de chance de sobreviver a um procedimento cirúrgico para tentar resolver o problema. Hoje, porém, serve como exemplo. E, sua história, como alerta.
Tudo pode começar com uma “simples” dor torácica. Algo comum, segundo especialistas. Porém, enquanto muitas pessoas têm consciência de que o sintoma é um sinal de possíveis doenças de risco à vida e procuram avaliação médica (por mínimo que seja o incômodo), outras, incluindo muitas que têm doenças graves, minimizam ou ignoram esses avisos.
Por isso, Eloy da Costa, cirurgião cardiovascular do Vera Cruz Hospital, salienta que os casos de rompimento da parede da aorta podem acontecer em qualquer ocasião ou lugar. “Muitas vezes, ocorrem sem a pessoa ter o socorro devido, levando a óbito em aproximadamente 50% dos casos nas primeiras horas. Chamada de dissecção aórtica, se trata de um distúrbio frequentemente fatal em que a camada interna (revestimento) da parede aórtica se rompe e se separa da camada intermediária. É como se fosse o rompimento de um cano. Uma das piores dores que o ser humano pode sentir. Diagnóstico e tratamento urgentes são imprescindíveis”, explica.
Foi o caso de Regina Maria. “Eu estava em casa, tinha acabado de voltar da academia. Comecei a sentir umas dores abdominais seguidas de um enorme aperto no peito. Em seguida falei para o meu esposo que queria ir para o hospital, pois certamente era um problema cardíaco. Fiz uma ressonância magnética, que detectou o aneurisma da aorta e, antes de entrar em cirurgia, tinha apenas 5% de chance de sobreviver”, relembra a professora de ballet.
Segundo o médico, praticamente todas as pessoas que têm uma dissecção aórtica sentem dor. “Tipicamente, é uma dor súbita e extrema, muitas vezes descrita como dilacerante. Algumas pessoas podem desmaiar de dor. Mais comumente, é sentida em todo o tórax, mas, muitas vezes, se desloca ao longo do trajeto da dissecção à medida em que esta avança pela aorta. Assim, as pessoas podem ter dor abdominal, como a Regina, por exemplo”.
Mas o especialista reforça que não são todas as unidades de saúde que estão aptas a atender casos como o de Regina. “Foi necessário o envolvimento de uma grade equipe e diversos departamentos como Hemodinâmica, Centro Cirúrgico, Diagnósticos e UTI”, afirma. “O que me salvou foi ter escolhido um hospital que é referência, completo, com equipe competente e altamente preparado para atender casos como o meu. Essa decisão me fez renascer”, comemora. Regina precisou ser submetida a um novo procedimento algum tempo depois: uma endoprótese aórtica, mais conhecida como stent.
“A segunda cirurgia foi para a colocação de uma endoprótese em um segmento da aorta para prevenir uma futura dilatação ou ruptura”, explica o cirurgião, que reforça a necessidade de exames preventivos e de socorro urgente em casos de emergência. “Hábitos saudáveis, como alimentação correta, atividade física e não fumar, são importantes para contrapor fatores de risco como idade, pressão alta, doenças arteriais e históricos familiares de aneurisma da aorta. Na dúvida, procure um especialista”, alerta.