Mesmo com registros de manifestações cutâneas específicas em pacientes diagnosticados com a Covid-19, a ciência ainda não garante sintomas na pele como marcadores para assegurar a contaminação
A pele também é um dos alvos da Covid-19, mas as manifestações cutâneas conhecidas até o momento – ocorridas em decorrência da infecção – não devem servir, ainda, para confirmar a contaminação. “Há alterações dermatológicas, mas nada extremamente específico, que sirva como marcador cutâneo e indique prontamente a presença da infecção”, explicou a Dra. Caroline Motta Aguiar, médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (CRM: 175434/ RQE 84833).
De acordo com a profissional, embora alguns estudos já relacionem sintomas observados na pele à lista de impactos negativos à saúde provocados pelo Coronavírus, ainda há poucas publicações científicas confirmando, exatamente, quais seriam as manifestações. A pele, naturalmente, apresenta sinais de doenças internas, a exemplo das disfunções metabólicas, neoplasias, doenças nutricionais, reações adversas a medicamentos ou doenças infecciosas sistêmicas.
“A infecção por COVID-19 ainda é algo muito recente e, por isso, há poucas publicações relatando sintomas de pele associados. O que tem sido observado é que, como outras doenças virais, esta afecção pode sim acometer a pele e manifestar lesões cutâneas variadas”, acrescentou a Especialista.
Em um artigo recentemente publicado no Journal of the American Academy of Dermatology (JAAD), foi registrado o caso de um paciente com Coronavírus que apresentou erupção purpúrico-petequial, pequenos pontos de hematoma na pele, com baixa contagem de plaquetas no sangue. No texto, os autores orientam os médicos a ficarem atentos ao surgimento de manchas avermelhadas em todo o corpo dos pacientes ou em uma determinada região – Rash Cutâneo. Segundo os cientistas, este sinal pode constituir um alerta para a Covid-19.
Outro documento, publicado em março deste ano, na seção “Carta ao Editor” do Journal of the European Academy of Dermatology, chamou a atenção para ocorrências em um grupo de pacientes também infectados pelo Coronavírus, internados em um hospital da Itália. Alguns apresentaram o Rash, outros um quadro de urticária “disseminada”, espalhada pela pele, e em uma pessoa foram percebidas vesículas similares à varicela (catapora). Os médicos identificaram o tronco como a área do corpo mais acometida pelas lesões. Foram relatadas coceiras leves ou até ausentes, que desapareceram em poucos dias.
“Outras manifestações que têm sido relatadas são: queda de cabelo, aftas orais, vermelhidão em mãos e pés, prurido, que está associado a escoriações inflamadas e degradação cutânea, durante e/ou após o período de infecção, porque o vírus pode apresentar tropismo neutral por fibras nervosas da epiderme, prurigo estrídulo em crianças, que são lesões parecidas com aquelas feitas por picadas de insetos, e alguma outras. São manifestações de diversas formas e tipos e já se sabe de casos em que o único sintoma da doença os cutâneos”, completou a Médica.