*Por Marcelo Trevisani
Em 2020, a Netflix lançou o documentário “The Playbook: Estratégias para Vencer”, em que apresenta a história de cinco técnicos esportivos, suas estratégias de trabalho e de vida, sempre com foco no resultado final: vencer. Os técnicos entrevistados são Glenn ‘Doc’ Rivers (técnico do Philadelphia 76ers), Jill Ellis (técnica de futebol britânica), José Mourinho (técnico de futebol italiano), Patrick Mouratoglou (treinador da tenista Serena Williams) e Dawn Staley (treinadora da seleção feminina de basquete dos EUA).
Cada história me trouxe alguns pontos de reflexão que gostaria de destacar. O primeiro deles, a importância do reconhecimento. Grandes treinadores instruem seus jogadores a, quando marcarem pontos, imediatamente apontar para os companheiros de equipe que criaram a oportunidade de ponto e/ou gol. Reconhecer as contribuições de cada jogador e torcer uns pelos outros alimenta o time e gera o espírito de colaboração essencial para integração e inovação.
Este é um padrão repleto de oportunidades para líderes empresariais. Todo coach, técnico ou líder precisa se fazer invisível e isso é uma tarefa difícil, pois são os jogadores que precisam se sobressair e receber o destaque, e não ele. Um bom exemplo neste ponto é a filosofia africana chamada Ubuntu. Nela, “é dito que um ser humano solitário é uma contradição dos termos. Por isso, temos que aprender com outros seres humanos como ser humano”, explica Desmond Tutu – arcebispo africano consagrado com o Prêmio Nobel da Paz – durante o documentário.
Isso significa que, no esporte, Doc Rivers buscou, através da Ubuntu, um estilo de vida em prol da coletividade de equipe e o aumento dos resultados dentro e fora das quadras. No mesmo caminho, Dawn Staley, treinadora da seleção feminina de basquete americano, criou a regra das 24 horas: “o prazo é o mesmo para celebrar uma vitória ou agonizar por uma derrota. Depois disso, é preciso seguir em frente, começando tudo de novo”. Em resumo, vamos sofrer derrotas, coisas que não queríamos podem acontecer, assim como grandes conquistas irão surgir.
O medo não vai te levar ao sucesso
Para o francês Patrick Mouratoglou, treinador da tenista Serena Williams, uma das principais regras para alcançar o sucesso é “Nunca ter medo”. Quando iniciou o trabalho com Serena, em 2012, ele ousou chamar a atleta, que já tinha reconhecimento mundial, de “subaproveitada”, por atingir resultados abaixo do esperado.
No mundo corporativo, para mim, parece loucura bater de frente contra alguém ou uma empresa muito grande, mas não enfrentar esse desafio pode ser um erro e, nesse caso, melhor ficar com os “loucos” do que com os errados. Eu sempre me pergunto: você prefere gerenciar um manicômio ou um cemitério? É uma pergunta ousada, mas vale a reflexão.
Para ser o melhor, é preciso enfrentar os melhores
Ao longo dos 20 anos como técnico de futebol, José Mourinho ficou conhecido não só pelos troféus que conquistou (mais de 25), mas, também, pelas polêmicas que criou. Um de seus mandamentos é “sempre se preparar para o pior” e, quando treinou o Porto de Portugal, em 2003, ele incentivou os jogadores a torcerem para que o time enfrentasse, o então favorito, Manchester United, na Liga dos Campeões.
O destino resolveu colaborar com a ideia dele. “Criei um estado de espírito propício para aquilo, deixando o time mais agressivo para vencer o oponente”, diz Mourinho, lembrando que o Porto eliminou o adversário e levou o troféu do torneio. Pensar dessa forma faz muito sentido, pois nunca seremos relevantes se não estivermos disputando o mercado ou um projeto com as melhores empresas. Mesmo se formos empreendedores iniciantes, precisamos criar produtos ou serviços que disputem em qualquer lugar contra qualquer um.
“Para sustentar o nível de excelência, não basta ser o melhor. É preciso se manter no primeiro lugar” e “Há uma razão para o topo da montanha ser pequenino, com ar rarefeito. Não é para ninguém ficar lá. Você sobe até o topo, curte a paisagem brevemente e desce para poder escalar novamente”, são frases ditas durante os episódios e que deixam muito claro a força da resiliência e da vontade de vencer, sempre muito importantes para quem realmente que alcançar o sucesso.
Eu, particularmente, sempre pratiquei e continuo praticando muito esporte. Na prática, vejo a disciplina necessária para poder liderar e suportar os desafios diários. Entendo que batalhar para os grandes resultados é necessário sempre, pois manter-se como o melhor no que faz por muito tempo é algo complexo que exige de qualquer pessoa o foco e vontade. Portanto, mantenha seu equilíbrio e lembre-se: nunca deixe que o medo de perder seja maior que a sua vontade de ganhar.
Marcelo Trevisani – com mais de 20 anos de experiência como profissional nas áreas de Digital Marketing, Transformação Digital, Inovação, Chief Marketing Officer, é considerado um dos nomes mais relevantes da área. Participou de grandes cases de Marketing Digital do Brasil