Transtorno bipolar: o que é e como tratar

Tratamento medicamentoso e psicoterapia são recomendadas por profissionais de saúde

Cerca de 6 milhões de brasileiros adultos convivem com o transtorno bipolar. Mais do que uma estatística, o dado divulgado pela Associação Brasileira de Transtorno Bipolar revela a grande quantidade de pessoas que enfrentam, muitas vezes em silêncio, preconceitos e resistência da sociedade em compreender a dimensão e os efeitos que o distúrbio psiquiátrico provoca na saúde mental.

Para a médica psiquiatra e professora do curso de Medicina da Uniderp, Talita Ceni,  “direcionarmos o nosso olhar a esta doença e assim esclarecer melhor sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento”. Mas o que é o transtorno bipolar?

De acordo com Talita, trata-se de “um distúrbio psiquiátrico caracterizado pela recorrência de episódios de mania/hipomania (euforia), depressão e períodos de normalidade do humor. Os sintomas variam conforme a fase da doença. De forma geral, há alteração do humor, do padrão de sono, da energia e pensamento. Em alguns casos sintomas psicóticos (perda do contato com a realidade) podem ser observados”.

A respeito do diagnóstico e tratamento, a médica revela que o diagnóstico do Transtorno Bipolar é clínico, embasado pela história e avaliação do exame mental do paciente. “O tratamento medicamentoso é de suma importância para estabilização do quadro, para isso são utilizados medicamentos estabilizadores de humor. Recomenda-se também a realização de psicoterapia”, diz.

Tratamento psicoterapêutico e acompanhamento familiar – De acordo com a psicóloga e professora do curso de Psicologia da Uniderp, Camilla Garcia da Silva Lino, embora o tratamento farmacológico seja essencial no tratamento do transtorno bipolar, há pacientes que, apesar da correta adesão à medicação, permanecem sintomáticos. “Estudos indicam, que independentemente da abordagem utilizada, a psicoterapia deve ser utilizada em associação com o tratamento farmacológico”. Dentre os benefícios listados pela profissional, há diminuição na frequência e na duração dos episódios de humor, aumento da adesão à medicação, diminuição nas recaídas e impressões clínicas de melhoras gerais.

Há abordagens terapêuticas que são recomendadas para o tratamento do distúrbio. Camilla lista algumas: Terapia cognitivo-comportamental (TCC); Psicoeducação; Terapia Focada na Família e Terapia interpessoal e do ritmo social. “O tratamento deve ser seguido pelo planejamento e pela execução do tratamento a longo prazo, que requer o estabelecimento e a manutenção de uma aliança terapêutica por meio de um bom relacionamento médico-paciente-família-cuidador, que propicie uma relação terapêutica e de apoio”, recomenda a professora.

O apoio e acompanhamento da família são essenciais no tratamento. “Esse papel no trato com o doente não é fácil. A participação da família no processo terapêutico é fundamental e contribui de forma significativa com consequente melhora. O paciente sente-se valorizado e confiante de sua recuperação. A relação familiar é o sustentáculo e a base para uma boa estrutura emocional para o paciente, tanto para a prevenção de uma crise, quanto para sua manutenção e recuperação”, pontua Camilla.

A psicóloga faz um alerta para os familiares que acompanham o paciente com o distúrbio: “Cuidadores, familiares e amigos dos pacientes com transtorno bipolar encontram-se muitas vezes em um cenário de estresse emocional importante, aumentando o risco do desenvolvimento de depressão e de outros problemas de saúde”.

Camilla conclui com dicas para as pessoas que estão no acompanhamento de um familiar com transtorno bipolar:

– Invista tempo para cuidar também de si mesmo.

– Não negligencie sua saúde: tenha uma alimentação saudável, durma bem e pratique exercícios físicos regularmente.

– Gerencie o estresse: tire um tempo para atividades de lazer e descanso. Outra dica para manter o estresse sob controle é praticar técnicas de relaxamento, como a meditação.

– Procure apoio emocional: um profissional de saúde qualificado pode ser importante para ajudá-lo a entender as angústias, sensações e medos que esse cenário de convivência com o paciente bipolar pode trazer.