Nem precisa olhar no dicionário, muita gente aprende desde pequeno o que Volkswagen significa: o carro do povo. Só que no Brasil a história, na verdade, é um pouco diferente e em vez de produzir o “carro do povo” e priorizar os consumidores daqui, a Volkswagen tem se negado a se comprometer com metas de eficiência veicular como as que terá que obedecer na Europa.
Diante da negação, o Greenpeace foi até a sede da empresa, em São Bernardo do Campo, para relembrá-la do desafio que foi lançado em abril deste ano. Há cinco meses, a organização colocou nas ruas um carro da Idade da Pedra para satirizar a falta de modernidade dos veículos brasileiros e para pedir que as três líderes de vendas no país – Fiat, Chevrolet e Volks – produzam veículos mais eficientes.
Como símbolo do atraso daquela que um dia produziu modelos como Fusca e Kombi, ativistas do Greenpeace montaram um ferro velho na sede. Foram deixadas carcaças de carros enferrujados e ativistas seguraram banners com os dizeres “Ferro Velho” e “Carro moderno é carro eficiente”.
“A Volkswagen foi a última empresa a responder ao nosso pedido por mais eficiência. E quando essa resposta veio, foi contraditória”, disse Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “Afirmaram que foram a primeira fabricante de veículos na União Europeia a anunciar a intenção de reduzir emissões de CO2, mas por aqui esse protagonismo se limita a cumprir as exigências políticas. Não faz sentido, queremos a mesma atitude em relação a eficiência com os veículos brasileiros”, concluiu Magno.
O pedido por mais eficiência é baseado no estudo “Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa”, realizado pela Coppe/UFRJ em parceria com o Greenpeace. O documento demonstra os benefícios da adoção no Brasil das metas que estipulam a eficiência energética a ser alcançada pelos veículos europeus até 2021. Na prática, no Brasil isso significaria veículos 41% mais eficientes, se tomarmos como base as taxas de 2011.
Tecnologia mais moderna é sinônimo de economia de combustível, nada menos que o equivalente a cerca de R$287 bilhões até 2030 que ficariam nos bolsos dos brasileiros. Além disso, o Brasil teria, em 2030, emissões mais baixas que as de 2010, mesmo que a frota de veículos dobre, como é estimado.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, o setor de transportes é o que tem o maior potencial de crescimento de emissões nos próximos 50 anos. E quem vai puxar o índice são justamente os países emergentes como o Brasil, que já é o quarto maior mercado de automóveis do planeta.
“De nada adianta a Volkswagen dizer que é inovadora e que é protagonista na Europa e oferecer aos brasileiros carros com tecnologia defasada em 4 anos quando comparados aos europeus. O Greenpeace e os brasileiros querem e precisam saber como a empresa vai se modernizar e produzir veículos mais eficientes na prática”, concluiu Magno.