Depois de mais de dois anos de pandemia, voltaram às aulas presenciais em vários estados do Brasil, fato que reacendeu a discussão da importância da vacinação contra a Covid-19 entre crianças e adolescentes. Para atender essa demanda, o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, já encomendou mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer. A previsão é que essas unidades sejam entregues no primeiro trimestre deste ano.
Até o fim de janeiro, a estimativa é que 3,7 milhões de doses cheguem ao país. Mas qual é a importância da vacinação para crianças e adolescentes ? Como proteger seu filho da Covid-19 em meio às aulas presenciais? Quais cuidados ainda devem ser mantidos? “Na retomada das aulas presenciais, o mantra máscaras, distanciamento e higienização das mãos se mantém. E, enquanto a imunização infantil contra a Covid-19 não atingir as metas estipuladas, é preciso ter bastante cautela também em domicílio”, explica Milton Monteiro, enfermeiro infectologista do HSANP.
Dados do portal Fiocruz informam que aproximadamente 8,7 milhões de doses da vacina Pfizer-BioNTech Covid-19 foram administradas em crianças de 05 a 11 anos durante o período de 3 de novembro a 19 de dezembro de 2021. Desse total, foram notificados apenas 4.249 eventos adversos, o que representa apenas 0,049% das doses aplicadas.
A grande maioria (97,6%) dos efeitos notificados foi leve a moderado, como dor no local da injeção, fadiga ou dor de cabeça. Ou seja, a vacina é, de fato, segura e os efeitos adversos podem ser considerados conhecidos pelos pais que já têm experiência em lidar com outras vacinas do calendário vacinal.
“Um dos principais objetivos para a vacinação de crianças contra Covid-19 no Brasil é impedir casos graves e mortes nesse público e novas ondas de transmissões, sobretudo pelo surgimento de variantes. O imunizante auxilia na prevenção da Covid-19, não só nos estudos clínicos controlados, como também em experiências de mundo real, com efetividade contra a doença e hospitalização demonstrada em adolescentes”, explica Monteiro.
Vale lembrar que as escolas têm o seu papel, mas é essencial tomar cuidado do portão para fora. É importante ficar atento aos sintomas, levar sempre as crianças ao pediatra e colocar a vacinação de outras doenças em dia, porque os números de imunização infantil têm caído. Os pais podem e devem fazer a vigilância dos sintomas dos alunos e, principalmente, saber se teve contato com algum infectado.
É importante não mandar os filhos com sintomas para escola para evitar novos contágios. “Para acalmar os pais, as escolas que cumprem os protocolos mostraram ser seguras, sim, nas aulas presenciais. Apesar de a Ômicron ter uma taxa de transmissibilidade extremamente alta, há medidas para complementar a redução do risco de transmissão dentro da escola. O uso da máscara é recomendável constantemente”, comenta o especialista.
Para crianças e adolescentes a vacina possui algum efeito colateral?
Como qualquer outra vacina, a da COVID-19 em crianças pode provocar alguns efeitos colaterais, especialmente no local da injeção, que pode ficar dolorido, inchado e vermelho. Além disso, outras reações como febre e cansaço também são comuns, mas tendem a ser passageiras e a desaparecer com alguns cuidados. “Não há grandes evidências de eventos adversos em nossa população que evoluíram para internações e óbitos”, informa.
“Uma das crenças a respeito do novo coronavírus é a de que, enquanto os idosos formam um grupo de alto risco, as crianças estão protegidas. Mas essa narrativa traz perigos: embora sejam poucos, existem casos preocupantes de crianças e jovens com a saúde seriamente afetada pela infecção. No início da pandemia, pensava-se que crianças não estavam sendo infectadas, mas agora está claro que a quantidade de infecção em crianças é a mesma que em adultos, o que aumenta significativamente a importância da vacinação para essa faixa etária”, finaliza Monteiro.