O câncer colorretal é uma doença que se desenvolve no intestino grosso e afeta, normalmente, pessoas com cerca de 50 anos ou mais. No entanto, nos últimos tempos, o setor da saúde vem percebendo mudanças referente à faixa etária dos pacientes, com um aumento entre jovens adultos.
Tanto a morte do ator Chadwick Boseman (43), que interpretava o herói Pantera Negra, como o recente diagnóstico de Preta Gil (48) impactaram o país e estão relacionados ao quadro, que requer um acompanhamento especializado.
Embora ainda não se tenha muitos dados sobre o aumento da incidência desse tipo de câncer entre pessoas com menos de 50 anos no Brasil, um levantamento feito pelo A. C. Camargo Câncer Center, com 1.167 pacientes, mostrou que 20% das pessoas diagnosticadas entre 2008 e 2015 se encaixavam nesse perfil.
Fatores ambientais e nutricionais estão sendo estudados como possíveis causas desse fenômeno. “Sem dúvida, as condições comportamentais têm uma grande influência. Dietas desequilibradas e ricas em alimentos processados, como carnes e embutidos, tabagismo e obesidade são alguns dos fatores de risco que contribuem para essa mudança”, afirma o Dr. Vinícius Miranda Borges, oncologista do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor mais comum no Brasil, com aproximadamente 40 mil novos casos diagnosticados todos os anos.
A piora no estilo de vida que as novas gerações vivenciam atualmente, a frequência de relações sexuais de cunho anal, sem o uso de preservativo, e questões genéticas podem estar colaborando para o aparecimento da doença no organismo antes do tempo. No terceiro caso, em específico, é importante estar atento ao histórico de câncer entre familiares e realizar exames regularmente para um acompanhamento ativo.
Geralmente, para identificar a presença do câncer colorretal, é necessária a realização de colonoscopia, além de estadiamento feito com tomografia computadorizada do abdômen e do tórax. Em algumas circunstâncias, exames de toque retal realizados por um médico especialista e testes de sangue oculto nas fezes também podem ser fundamentais. Já os tratamentos incluem cirurgia, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia.
Apesar disso, entende-se que o diagnóstico precoce em pessoas mais jovens muitas vezes não ocorre devido à falta da inclusão da colonoscopia nos exames de rotina. No Brasil, a solicitação dessa análise só é feita após o surgimento dos primeiros sintomas no paciente, já que, normalmente, o procedimento só é realizado a partir dos 50 anos.
“Quando esse câncer aparece em pessoas fora do grupo de risco, muitas vezes, ele é um pouco mais agressivo, mas isso depende muito do momento em que o diagnóstico foi feito, do estágio em que se encontra e das características histológicas do tumor”, explica o oncologista.
Por isso, é preciso estar em alerta, já que diferentes sinais podem indicar o aparecimento do câncer de intestino em nosso corpo. Ao notar a presença de sangue nas fezes, alterações no hábito intestinal, dor abdominal e perda de peso sem motivo aparente, é importante buscar orientações médicas.
Algumas ações simples do dia a dia podem ser aliadas na luta contra o câncer colorretal. Elas não eliminam totalmente as chances de diagnóstico, mas diminuem drasticamente a possibilidade de desenvolver a doença.
“Manter hábitos saudáveis, uma dieta balanceada com base em alimentos naturais, evitar ao máximo os alimentos processados, praticar exercícios físicos e evitar o consumo de álcool e cigarros são formas de minimizar os impactos. Não devemos esquecer que a pesquisa do histórico familiar em relação à doença é muito útil e direciona maiores cuidados ao indivíduo de forma antecipada”, conclui o médico.