A Oncologia Veterinária é um campo que vem em demanda crescente no Brasil, em decorrência de um aumento significativo na expectativa de vida dos pets, além da evolução das ferramentas de diagnóstico que possibilitam uma detecção mais precisa da doença. No país, o tumor de mama ainda é a principal neoplasia que acomete as cadelas, e o terceiro mais comum nas gatas.
De maneira geral, tumores e cânceres (como são conhecidos os tumores malignos) ocorrem quando os processos de multiplicação e divisão celular apresentam falhas, gerando células potencialmente malignas para o organismo. Estas “falhas” podem ser oriundas de diferentes estímulos internos, externos, ou mesmo do próprio envelhecimento natural das células.
“Cadelas e gatas não castradas são as mais acometidas pelo câncer de mama, já que este tipo de câncer tem uma grande influência hormonal. As fêmeas que são tratadas com anticoncepcionais injetáveis têm uma incidência ainda maior do problema, principalmente a partir dos 7 anos de idade”, conta Taís Motta Fernandes, médica-veterinária gerente de produtos da Avert Saúde Animal.
Uma das características que tornam o câncer de mama algo bastante perigoso é que, na grande maioria das vezes, o início da doença não é acompanhado de nenhum sintoma. “Nos estágios iniciais, o pet não apresenta febre, vômito, apatia ou qualquer mudança de comportamento. Este é um dos motivos pelos quais os cânceres na sua maioria são descobertos apenas em estágios já mais avançados, o que prejudica muito as chances de cura e tempo de sobrevida do pet”, Taís reforça.
Por esta razão, a cada ano se ouve mais sobre o problema e reitera-se a importância de que os tutores fiquem atentos aos pequenos sinais como inchaços no tecido mamário, secreções saindo da mama, vermelhidão na região sem nenhum motivo e sensibilidade ao toque.
Ter um acompanhamento rotineiro com o médico-veterinário também auxilia no reconhecimento e diagnóstico precoce do câncer, uma vez que faz parte do exame clínico detalhado a palpação das mamas de todas as cadelas e gatas, mesmo que castradas.
“Os tutores também têm papel importante no diagnóstico precoce. É possível aproveitar o momento da brincadeira e do carrinho na barriga para apalpar as mamas e verificar se está tudo normal. Se perceber algum aumento de volume ou uma textura diferente em alguma das mamas, é indicado passar com o médico-veterinário para entender melhor o que está acontecendo”, acrescenta.
A castração é reconhecida como a melhor forma de prevenir a incidência de câncer de mama nas fêmeas, nos machos ela ajuda na prevenção de câncer de testículo e problemas de próstata que prejudicam a qualidade de vida do animal no decorrer dos anos.
Embora o mês de outubro seja direcionado especialmente para a conscientização e prevenção contra o câncer de mama, é importante lembrar que outros cânceres e neoplasias também acometem os animais de estimação, como câncer de pele e de células do sangue. Alguns destes cânceres podem ser mais difíceis de prevenir, mas, assim como acontece nos humanos, o diagnóstico precoce da doença aumenta as chances de cura do pet ou manutenção da qualidade de vida do animal e maior tempo de sobrevida.
“A realidade é que conforme os pets vão envelhecendo, a incidência de tumores e cânceres aumenta. Uma boa nutrição durante toda a vida e o acompanhamento rotineiro com o médico-veterinário, incluindo a realização de exames periódicos, são primordiais se desejamos manter os nossos peludos mais tempo ao nosso lado. Por isso é tão importante abordar o tema. Prevenção e diagnóstico precoce são atos de amor!”, finaliza.