*Por Ana Cristina Andrade Bezerra
Quando se fala em sustentabilidade no Pantanal, o discurso geralmente recai sobre a preservação ambiental. Mas, para quem vive e trabalha diariamente na região, o conceito vai muito além. Sustentabilidade é preservar e valorizar as pessoas que trabalham nas fazendas das famílias que se sustentam dali e do ribeirinhos. Claro que o ambiental é importante, mas as pessoas merecem a mesma proporção de valorização.
A permanência de três gerações de uma mesma família em propriedades pantaneiras é um indicador de sucesso. Muitas das fazendas pantaneiras que visito estão agora na terceira geração de produtores. Essa continuidade é o resultado de um trabalho de longo prazo, que envolve não apenas o manejo ambiental, mas também a gestão de pessoas e a transmissão de conhecimento entre gerações.
O cuidado com a nutrição animal, a formação de pastagens adaptadas ao bioma e o investimento em tecnologias apropriadas têm papel fundamental. Mas nada disso é efetivo sem a participação ativa e qualificada dos colaboradores. É preciso amansar o gado, treinar a mão de obra, dividir as invernadas, para que o processo seja eficiente e respeitoso com o ambiente e com as pessoas.
Portanto, falar em sustentabilidade no Pantanal deve incluir, obrigatoriamente, o bem-estar das famílias que vivem na pecuária. O sucesso de propriedades como a Baía das Pedras, demonstra que é possível aliar produtividade, preservação ambiental e cultural. E essa é a verdadeira riqueza do bioma pantaneiro.
Para construir políticas e soluções que realmente fortaleçam o Pantanal é essencial uma visão integrada do campo como um espaço de vida e trabalho, e não apenas de produção. O futuro do bioma depende do reconhecimento de quem faz dele sua casa e seu meio de sustento.
